O Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu um comunicado oficial na terça-feira, classificando as recentes manifestações diplomáticas dos Estados Unidos como uma "nova intromissão indevida e inaceitável em assuntos de responsabilidade dos Poderes brasileiros".
A nota do Itamaraty representa a resposta mais contundente do governo Lula (PT) às recentes declarações de autoridades estadunidenses sobre processos judiciais em curso no país.
"O governo brasileiro deplora e rechaça, mais uma vez, manifestações do Departamento de Estado dos EUA e da embaixada daquele país em Brasília que caracterizam nova intromissão indevida e inaceitável em assuntos de responsabilidade do Poder Judiciário brasileiro", diz o texto.
O documento assinado pelo chanceler Mauro Vieira ainda afirma que tais manifestações "não condizem com os 200 anos da relação de respeito e amizade entre os dois países".
A reação brasileira ocorre após declarações do subsecretário de Estado norte-americano, Darren Beattie, que na segunda-feira, vinculou a taxa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros a decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e supostas ações do governo Lula contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A embaixada dos Estados Unidos no Brasil reforçou o posicionamento, afirmando que as tarifas e declarações de Trump são respostas a "ataques contra Jair Bolsonaro".
O ex-presidente enfrenta atualmente um julgamento no STF por suposta liderança de uma organização criminosa que planejou um golpe de Estado em 2022, com penas que podem chegar a 43 anos de prisão.
O Itamaraty destacou ainda que o governo brasileiro vem negociando relações comerciais com os EUA desde março, antes mesmo do anúncio das tarifas por Trump.
"No que se refere ao comércio, o Brasil vem negociando com autoridades norte-americanas, desde março, questões relativas a tarifas, de interesse mútuo, e está disposto a dar sequência a esse diálogo, em benefício das economias, dos setores produtivos e das populações de ambos os países. A equivocada politização do assunto não é de responsabilidade do Brasil, país democrático cuja soberania não está e nem estará jamais na mesa de qualquer negociação", concluiu o comunicado.