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Macau inicia celebrações pelos 20 anos de seu Centro Histórico como Patrimônio Mundial

Fonte: Xinhua    16.07.2025 13h23

A Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) da China iniciou nesta terça-feira uma série de atividades para marcar o 20º aniversário da inscrição do Centro Histórico de Macau como Patrimônio Mundial da UNESCO.

O reconhecimento veio em 15 de julho de 2005, durante a 29ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial realizada em Durban, África do Sul. O Centro Histórico de Macau incorpora mais de quatro séculos de história marítima e fusão cultural.

CRÔNICA DA MISTURA CULTURAL

Da Fortaleza da Guia ao Templo de A-Má, o Centro Histórico de Macau abrange 22 monumentos e oito praças - uma tapeçaria duradoura do intercâmbio Leste-Oeste.

As Ruínas de São Paulo representam vividamente o cerne do legado. Erguido no início do século XVI, o monumento se assemelha a um tradicional chinês "Paifang", embora tenha motivos ocidentais.

"É possível ver a mistura entre Oriente e Ocidente", disse Ung Vai Meng, professor convidado da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. "A forma como os tijolos cinzentos estão embutidos nas paredes de taipa reflete o artesanato chinês mesclado com as ideias estruturais europeias", disse ele à Xinhua.

As Ruínas de São Paulo eram originalmente parte do Colégio de São Paulo, que na época se inspirava em universidades europeias e formava acadêmicos para levar a língua e a filosofia chinesas para a Europa, ao mesmo tempo em que introduzia a ciência e a cultura ocidentais na China.

"Foi uma ponte de mão dupla de iluminação", observou Wu Zhiliang, presidente da Federação dos Setores Culturais de Macau. Sua influência foi além da teologia - atingiu a educação e a identidade cultural, acrescentou.

Outro pilar do centro histórico é a antiga residência do reformista Zheng Guanying, da Dinastia Qing, conhecida como a Casa do Mandarim. Aninhada no sudoeste da cidade velha, continua sendo o maior complexo residencial tradicional de Macau. "Aqui, sentimos a cultura Lingnan em primeira mão", disse Ung. "Janelas em formato de concha de ostra remetem às tradições do sul da China, enquanto colunas ocidentais e esculturas decorativas sugerem influência global."

Dentro dessas paredes, Zheng escreveu Palavras de Advertência em Tempos de Prosperidade, um apelo urgente por reformas políticas e econômicas na época. "Ele deixou de ser um nobre tradicional para se tornar um defensor da modernização neste lugar", disse Wu, observando que "seu pensamento influenciou profundamente uma geração".

REVITALIZANDO O TESOURO HISTÓRICO

Construída nos anos 1800 e aberta ao público em 1958, a Biblioteca Sir Robert Ho Tung abriga mais de 20 mil volumes clássicos. Árvores antigas imponentes e a fonte do jardim ornamental se complementam, envolvendo este edifício histórico em um véu de natureza. Tang Mei Lin, chefe do departamento de gestão de bibliotecas públicas do Instituto Cultural (IC) do governo da RAEM, disse à Xinhua que a biblioteca não é apenas um espaço para leitura e estudo, mas também um local popular que muitos moradores procuram para relaxar.

"Oferecemos atividades únicas, como uma experiência de um dia como bibliotecário e workshops práticos sobre restauração de livros antigos", disse Tang, observando que este é um ótimo exemplo de revitalização bem-sucedida.

Em 2022, foi criado o Centro de Monitorização do Patrimônio Mundial de Macau, equipando a cidade com mais de 170 sensores ambientais. "As nossas equipes podem realizar verificações em tempo real através de aplicações móveis e analisar dados por uma plataforma centralizada", disse Ho Cheok Fong, funcionário do departamento do patrimônio cultural do IC.

A revitalização tornou-se uma marca distintiva da abordagem do patrimônio de Macau. Eventos como o Desfile Internacional de Macau de 2025 em Março - lançado a partir das Ruínas de São Paulo - transformaram as ruas antigas em palcos vibrantes. Com artistas de 15 países e regiões se juntando a grupos locais, o evento dinamizou diálogos culturais.

"O desfile é mais do que um espetáculo", disse Leong Wai Man, chefe do IC, acrescentando que "cria conexões reais entre as culturas local, nacional e global".

"É bom ver uma cidade mantendo viva sua cultura e seus prédios antigos", disse à Xinhua Dale Page, turista do Reino Unido, na Casa do Mandarim. Outro visitante da parte continental da China, Xiao Hui, refletiu: "Este legado arquitetônico não é apenas um tesouro de Macau, mas um presente para o patrimônio mundial."

Segundo dados, até 11h do dia 8 de julho, o número de visitantes que chegaram a Macau este ano ultrapassou os 20 milhões, 26 dias mais cedo que no ano passado. A Direção dos Serviços de Turismo da RAEM informou que, com a chegada das férias de verão, uma variedade de eventos e apresentações serão realizados para atrair mais visitantes.

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