A presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) do BRICS, Dilma Rousseff (foto de arquivo)
A presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) do BRICS, Dilma Rousseff, criticou nesta sexta-feira o uso de tarifas, taxas e sanções como forma de "subordinação política" durante sua participação na reunião anual da instituição financeira que se realiza no Rio de Janeiro.
A 10ª reunião anual do NDB, instituição financeira com sede em Shanghai, China, é um prelúdio para a Cúpula do BRICS, que será realizada nos dias 6 e 7 de julho na cidade brasileira.
"O multilateralismo está sob pressão. Estamos testemunhando um declínio na cooperação e o ressurgimento do unilateralismo. Tarifas, sanções e restrições financeiras estão sendo usadas como ferramentas de subordinação política", disse Rousseff, que também foi presidente do Brasil de 2011 a 2016.
A presidente do NDB alertou que o diagnóstico atual é de que as cadeias de suprimentos globais "estão sendo reestruturadas, não em busca de maior eficiência, mas por interesses geopolíticos".
Ela argumentou que o sistema financeiro internacional é profundamente "assimétrico" nesse contexto, sobrecarregando aqueles com menos recursos. "Tal cenário exige mais e não menos cooperação. Mais e não menos cooperação exige instituições que reflitam as realidades e as aspirações do mundo de hoje", reforçou Dilma.
Este ano, 2025, o NDB celebrará seus primeiros 10 anos desde sua criação na cidade brasileira de Fortaleza.
"Dez anos atrás, os líderes dos países do BRICS lançaram as bases para um novo tipo de banco multilateral de desenvolvimento: um banco guiado pela cooperação, igualdade e respeito mútuo, em contraste com abordagens de cima para baixo e condicionalidades impostas", disse Rousseff.
A criação do banco foi mais do que um marco institucional. "Foi a declaração de que o Sul Global não seria mais um receptor passivo de modelos de desenvolvimento impostos externamente, mas um arquiteto ativo de seu próprio futuro", acrescentou Rousseff.
Dilma destacou que o banco nasceu com a missão de financiar infraestrutura e modernização sem impor modelos uniformes, priorizando as realidades locais e respeitando as escolhas nacionais.
A presidente do NDB reforçou ainda o compromisso do banco com um desenvolvimento "sustentável, inclusivo, justo, resiliente e soberano", e conclamou os países do Sul Global a manterem a cooperação como ferramenta central para enfrentar os desafios da próxima década.
Diante do cenário global de unilateralismo, Dilma Rousseff pediu maior cooperação, dizendo que os países emergentes mereçam instituições que entendam seus desafios.
O encontro de dois dias começou nesta sexta-feira no Rio de Janeiro. Os governadores do NDB abordarão temas como desenvolvimento, inovação, cooperação e impacto para o Sul Global.