Às vésperas da Cúpula de Líderes do BRICS, Mauricio Lyrio, sherpa da presidência brasileira do grupo, destacou neste sábado os acordos sobre financiamento climático, o combate a doenças socialmente determinadas e a regulamentação da Inteligência Artificial, entre as conquistas que devem ser ratificadas.
Em declarações divulgadas pela presidência brasileira, Lyrio também destacou os esforços para fortalecer a cooperação entre os países do Sul Global em meio a crises multilaterais.
"Tivemos mais uma rodada de negociações entre os sherpas para preparar as decisões dos presidentes para a Cúpula de Líderes, que será realizada nos dias 6 e 7. Acredito que avançamos muito em várias decisões, além da declaração principal", observou. O sherpa brasileiro também destacou as negociações climáticas, já que um dos objetivos é ter um BRICS comprometido com o sucesso da COP30, que será realizada em novembro no Brasil, e com o combate às mudanças climáticas.
"Esse é um tema forte na declaração, e a ideia geral é que são necessários mais recursos, inclusive dos países ricos, aqueles que mais emitiram gases de efeito estufa, para financiar a transição de países que ainda não se desenvolveram plenamente", destacou.
Lyrio afirmou que uma característica da presidência brasileira é tentar trazer à população questões mais concretas e urgentes, como o combate à fome e à pobreza, a redução da desigualdade e políticas mais efetivas na área de saúde pública.
"A questão geopolítica é muito importante, mas outras questões são tão ou mais urgentes que as geopolíticas, como a promoção do desenvolvimento social e econômico e a proteção ambiental." Assim, o esforço brasileiro é trazer essas questões para o centro da agenda desses grandes grupos. Como exemplo, ele destacou o lançamento da aliança para a eliminação das chamadas doenças da pobreza, como tuberculose, hanseníase e doenças tropicais negligenciadas, como malária, dengue e febre amarela.
"É um esforço para que esses países unam seus recursos e capacidades coletivas para melhor abordar essas questões", afirmou.
"O Sul Global trabalhando em conjunto significa simplesmente que os países reconhecem que têm, por assim dizer, problemas semelhantes, porque são países em desenvolvimento, e que agem em conjunto para lidar com esses problemas. Este exemplo na área da saúde é muito claro", observou.
Segundo Lyrio, o multilateralismo exige ação nas áreas que constituem o que chamamos de grandes desafios internacionais.
"Quando dizemos que o multilateralismo é importante, é porque há questões no mundo que não podem ser resolvidas por um país sozinho, que não podem ser resolvidas dentro de um único território e que exigem soluções coletivas. No mundo, precisamos disso porque os desafios são globais", afirmou. "É por isso que o BRICS, como um grupo altamente representativo do mundo, praticamente metade da população mundial, têm um papel muito especial no fortalecimento do multilateralismo, pois, ao cooperarem entre si, os países do BRICS contribuem para uma cooperação mais ampla no mundo", acrescentou.
Lyrio concluiu enfatizando que a mensagem é que, em meio a tensões e conflitos internacionais, o BRICS está comprometido com o diálogo e a cooperação.
"Em um momento de tantas crises e conflitos internacionais, ter um grupo de países reafirmando o poder da diplomacia, da cooperação, da necessidade de agirmos juntos para resolver os problemas da população e não gerar mais destruição, como conflitos, é uma oportunidade que devemos sempre aproveitar", enfatizou.