O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, elogiou nesta sexta-feira o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), chamando-o de instituição fundamental para oferecer uma alternativa ao sistema financeiro internacional tradicional.
Em discurso na reunião anual do Novo Banco de Desenvolvimento, evento que reúne representantes de diversos bancos internacionais, além de ministros e funcionários estrangeiros e nacionais, realizada no Rio de Janeiro na véspera da cúpula dos líderes do BRICS, Lula lembrou que o banco foi fundado no Brasil durante a Cúpula do BRICS em Fortaleza, em 2014.
"A decisão de criá-lo foi um marco na ação conjunta dos países emergentes. É o resultado de um desejo compartilhado de superar o profundo déficit de financiamento para o desenvolvimento sustentável", afirmou.
O NDB, com sede em Shanghai e presidido pela ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, financia projetos de infraestrutura e sustentabilidade nos países do grupo, que atualmente é formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia.
Lula destacou que, desde sua criação, o banco aprovou mais de 120 projetos no valor total de US$ 40 bilhões, com foco em áreas como energia limpa, transporte, meio ambiente, água potável e saneamento.
Lula enfatizou que o NDB se diferencia por seu modelo de governança, baseado na igualdade entre seus membros.
"Em vez de aprofundar disparidades, o NDB assenta a sua governança na igualdade de voz e voto. No lugar de oferecer programas que impõem condicionalidades, o NDB financia projetos alinhados a prioridades nacionais. Hoje, o NDB contribui de forma crescente na promoção de uma transição justa e soberana", enfatizou o presidente brasileiro.
Outro ponto destacado por Lula foi o uso crescente de moedas locais. "Atualmente, 31% dos projetos do banco são executados nas moedas nacionais dos países-membros. A implementação do novo mecanismo de garantias multilaterais do BRICS, resultado da presidência brasileira, terá impacto positivo na capacidade de mitigação de risco e mobilização de capital privado. Esse é um esforço essencial da institucionalidade financeira do Banco e expande sua área de atuação", afirmou.
Em seu discurso, o presidente brasileiro também mencionou os investimentos do NBD em tecnologias aplicadas a setores como saúde, educação, transporte e infraestrutura, e expressou o interesse do Brasil em desenvolver novas formas de conexão entre os países do bloco.
"O Brasil espera que o banco financie um estudo de viabilidade para um cabo submarino ligando os países do BRICS. Isso contribuirá para a nossa soberania e aumentará a velocidade da troca de dados", concluiu.