O Brasil evitou a emissão de 64,4 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2eq) em 2024 graças ao uso de biocombustíveis em sua matriz energética, de acordo com o último relatório do Observatório do Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado nesta segunda-feira.
O estudo, que monitora trimestralmente o consumo de combustíveis leves e pesados no país, revelou que a bioenergia contribuiu para uma redução significativa dos gases de efeito estufa atrelados à atividade econômica brasileira.
Para Luciano Rodrigues, coordenador do centro de bioenergia do Observatório da FGV, os resultados de 2024 são um bom presságio para o Brasil antes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro, em Belém, capital do estado do Pará, no norte do Brasil.
"No ano passado, houve um aumento significativo de biocombustíveis na matriz energética nacional, consolidando a bioenergia como uma ferramenta eficaz para a descarbonização. No ano da COP-30 no Brasil, esses números refletem a posição única e a liderança do Brasil nessa área", afirmou Rodrigues em um comunicado.
Em termos de mitigação, a presença de bioenergia em combustíveis leves evitou a emissão de 44 milhões de toneladas de CO2eq, o que, segundo o estudo da FGV, equivale ao reflorestamento de mais de 107 mil hectares de floresta tropical.
O estudo também destaca o progresso no setor de transporte pesado. A mistura de biodiesel e a eficiência energética aprimorada permitiram uma redução de 1,8% na intensidade de carbono do ciclo do diesel.
Isso se traduziu em 20,4 milhões de toneladas de CO2eq evitadas em 2024, um aumento de 22,6% em comparação ao ano anterior.
Os estados de Mato Grosso (oeste), Goiás (centro) e São Paulo (sudeste) foram os que mais contribuíram para o resultado da descarbonização.
Um elemento-chave foi o etanol, o álcool combustível feito de cana-de-açúcar usado na frota automotiva brasileira.
A participação do etanol no mercado de combustíveis leves apresentou um aumento significativo em 2024, atingindo 41,1% do consumo total de energia da frota, diz o estudo.
Em 2024, o aumento na participação dos biocombustíveis foi impulsionado por um aumento de 33% nas vendas de etanol hidratado combustível.