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China não teme guerra comercial e pede negociações igualitárias e respeitosas, afirma enviado

Fonte: Diário do Povo Online    06.05.2025 11h01

O embaixador chinês nos EUA, Xie Feng.(Foto de arquivo)

A China não quer nem teme uma guerra comercial, e as negociações devem ser conduzidas de forma igualitária, respeitosa e recíproca, disse o principal enviado de Beijing em Washington, enquanto o Conselho Empresarial EUA-China alertou que tarifas pesadas, se forem aplicadas, reduzirão significativamente as exportações dos Estados Unidos.

Em um evento de portas abertas na embaixada no sábado, o embaixador chinês nos EUA, Xie Feng, disse que os aumentos de tarifas não beneficiam ninguém, mas, em vez disso, prejudicam os negócios, aumentam os custos, abalam os mercados financeiros e desaceleram o crescimento global.

Durante os primeiros 100 dias desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, assumiu o cargo em 20 de janeiro, Washington anunciou tarifas abrangentes, começando com uma taxa geral de 10% sobre todas as importações estrangeiras.

Dezenas de países receberam uma pausa de 90 dias até julho, mas as tarifas foram elevadas para 145% sobre produtos da China, que retaliou, impondo taxas de 125% sobre produtos americanos.

"A China não quer uma guerra comercial, mas não se deixa intimidar por ela. Estamos defendendo não apenas nossos próprios direitos e interesses legítimos, mas também a ordem do comércio internacional", disse Xie.

"Se os EUA quiserem dialogar, devem agir com espírito de igualdade, respeito e reciprocidade", acrescentou.

O enviado observou que o comércio não é um jogo de soma zero, e que a construção de barreiras apenas bloqueia o fluxo do crescimento compartilhado.

O evento da embaixada, no sábado, que fez parte da Turnê Mundial das Embaixadas deste ano, contou com a presença da província de Gansu, no noroeste da China, outrora uma linha da frente na luta contra a pobreza na China.

Gansu, ao tirar mais de 5,5 milhões de pessoas da pobreza e cobrir mais de 99% de seu território com uma rede 4G, conta uma história de resiliência e autossuficiência, disse Xie.

Para ilustrar como os EUA beneficiam há muito do comércio global, Xie afirmou que, somente em 2022, a receita das empresas americanas na China excedeu significativamente a das empresas chinesas nos EUA, em mais de US$ 400 bilhões.

"A relação econômica China-EUA é, em geral, equilibrada e mutuamente benéfica", afirmou.

A China continua sendo o terceiro maior mercado de exportação de bens dos EUA em 2024 e o sexto maior mercado de exportação de serviços em 2023. O comércio com a China em áreas como agricultura, educação, viagens, aeroespacial e semicondutores sustenta 862.467 empregos nos EUA, de acordo com o relatório "Exportações dos EUA para a China" de 2025 do Conselho Empresarial EUA-China.

O total de exportações de bens para a China, que atingiu um pico de US$ 151,5 bilhões em 2022, apresentou uma ligeira contração em 2024, mas aumentou 23,4% em relação à década anterior, de acordo com o relatório do conselho empresarial.

Os dados não refletem os aumentos de tarifas implementados pelos EUA e pela China até agora neste ano, que devem reduzir significativamente as exportações americanas, caso permaneçam em vigor, afirmou o conselho em um comunicado à imprensa em 29 de abril.

Sean Stein, presidente do Conselho Empresarial EUA-China, afirmou: "Se essas tarifas permanecerem em vigor, o comércio entre os dois países cairá vertiginosamente, sacrificando bilhões de dólares em exportações e centenas de milhares de empregos americanos, potencialmente desestabilizando a economia americana e enfraquecendo significativamente a competitividade global dos EUA".

As políticas comerciais do governo americano já estão impactando os orçamentos familiares e causando frustração entre os americanos, que sentiram preços mais altos em seus produtos, de acordo com relatos da mídia americana.

As tarifas impostas pelos EUA e as tarifas retaliatórias ameaçadas e impostas devem reduzir o PIB dos EUA em 1%, o que representa um aumento médio de impostos de quase US$ 1.300 por domicílio americano em 2025, de acordo com um estudo da Tax Foundation, organização apartidária, atualizado em 18 de abril.

Para a Califórnia, cuja economia é a maior entre os estados americanos, os custos econômicos diretos e indiretos das tarifas estão "na casa dos bilhões e bilhões de dólares", segundo o governador Gavin Newsom.

"Isso tem um impacto descomunal no turismo, no comércio, nas pequenas e grandes empresas... e os danos à reputação são incalculáveis", disse Newsom, democrata, em entrevista online ao Nikkei Asia na sexta-feira.

A Califórnia exportou bens avaliados em quase US$ 15 bilhões para a China no ano passado - uma queda de 9,5% em relação ao ano anterior - mas suas exportações de serviços, incluindo aqueles relacionados a turismo e educação, cresceram 6,3% em relação ao ano anterior, para US$ 8,8 bilhões em 2023, de acordo com o relatório do Conselho Empresarial EUA-China.

O governador, que visitou Beijing no ano passado, afirmou que o estado permanecerá aberto ao comércio com a China, visto que a política tarifária do atual governo americano ameaça a economia da Califórnia. Ele afirmou que o estado é um "parceiro estável" e "estendeu a mão aberta" à China e a outros países.

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