O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, destacou nesta quinta-feira que a ciência da China está nos níveis mais altos do mundo e defendeu a confiabilidade da CoronaVac, vacina contra a COVID-19 desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, que está em fase de ensaios clínicos no Brasil.
O Instituto Butantan é um centro de pesquisa centenário nas áreas de biologia e biomedicina vinculado ao governo do estado de São Paulo e responsável pela produção de mais de 80% do total de soros e vacinas consumidos no Brasil.
Durante uma audiência online ante uma comissão da Câmara dos Deputados que supervisiona as ações para combater a pandemia do novo coronavírus, Covas defendeu a qualidade dos produtos chineses e da ciência no país asiático.
"Temos que lembrar que nossos celulares Apple são feitos na China e que são fabricados lá inúmeros produtos industriais, incluindo os de grandes companhias farmacêuticas que têm grandes laboratórios e grandes investimentos na China", ressaltou.
"A China é um país que tem investimentos muito fortes na ciência hoje em dia. É uma ciência que está ombro a ombro com qualquer outro país do mundo e frequentemente, em termos de volume, ainda mais alto. Não há razão para se descartar uma vacina porque foi desenvolvida inicialmente na China", disse Covas.
No momento, o Butantan está encarregado da fase 3 dos testes clínicos, que são os estudos de uma nova vacina em seres humanos, depois que as duas primeiras fases foram realizadas na China.
A fase 3 serve para validar a eficácia e a segurança da droga e também para novas indicações terapêuticas.
A testagem conduzida pelo instituto brasileiro contará com a participação de 9.000 voluntários e deverá ser concluída entre o final de outubro e o início de novembro.
O contrato com a empresa farmacêutica chinesa permitirá ao Instituto Butantan começar a produzir e envasar a CoronaVac a partir de outubro próximo.
Se a vacina for aprovada, Sinovac e Butantan assinarão um acordo de transferência de tecnologia para a produção em escala industrial tanto na China como no Brasil que será fornecida gratuitamente ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Os próximos passos são o registro do produto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a distribuição da vacina em todo o Brasil, prevista para janeiro de 2021.
De acordo com o gerente geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, que também participou do debate, as provas de eficácia e segurança são essenciais nesse projeto.
Para conceder o registro, a Anvisa necessita saber se a vacina é segura, por quanto tempo será efetiva e se será necessário uma dose de reforço.
Outro ponto destacado pelo diretor do Instituto Butantan são as conversações com outros países para fornecer a CoronaVac, como memorandos de intenção firmados com a Argentina, bem como conversações com a Colômbia, com a Organização Pan-americana de Saúde e uma agência norte-americana.
"A perspectiva é que o Butantan, em parceria com a Sinovac, possa ser um importante provedor de vacinas para a América Latina", afirmou Covas.