Zhong Sheng

Alguns políticos americanos acabaram de voltar a recorrer ao velho jogo de fazer comentários irresponsáveis, em múltiplas ocasiões, afirmando que o coronavírus havia originado no Instituto de Virologia de Wuhan (WIV, na sigla inglesa). Eles apelaram, de forma ostensiva, à realização de uma investigação, sendo que tais declarações foram, inclusive, exacerbadas pela Fox News.

Qualquer pessoa consciente consegue ver para lá das acusações infundadas e contrárias à ciência. Todavia, a politização de questões científicas, disseminação de conspirações e a estigmatização são, na sua essência, tentativas de sabotar a solidariedade e cooperação globais, as quais irão causar graves danos, especialmente em uma altura em que o mundo enfrenta desafios extremamente urgentes, advindos da pandemia da Covid-19.

A busca da origem do vírus é uma questão séria e racional que depende de abordagens profissionais e baseadas na ciência. A assunção de que o vírus provém de um laboratório foi há muito descartada por cientistas de todo o mundo. O presidente da Organização Mundial de Saúde (OMS) reiterou que não há provas definitivas de que o vírus tenha sido produzido artificialmente para a manufatura de armas biológicas.

No dia 19 de fevereiro, 27 especialistas médicos de 8 países fizeram um comunicado conjunto na revista The Lancet, condenando profundamente teorias da conspiração que sugeriam que a Covid-19 não teria uma causa natural.

O comunicado indicava que “cientistas de múltiplos países publicaram e analisaram os genomas do agente patológico, o coronavírus 2 (SARS-CoV-2), e concluíram por unanimidade que ele originou na natureza, tal como vários outros patógenos. Tal é corroborado por uma carta dos presidentes da Academia Nacional de Ciência, Engenharia e Medicina dos EUA e pelas comunidades científicas que representam”.

Tal opinião foi, mais tarde, expressada, uma vez mais, por uma equipe de pesquisa composta por acadêmicos do Instituto de Pequisa Scripps dos EUA, Universidade de Columbia, Universidade Tulane, Universidade de Edimburgo e Universidade de Sydney. Essa equipe ressaltou num artigo, publicado na revista Nature, que o coronavírus originou de um processo de evolução natural, não sendo um produto laboratorial.

As histórias anti-ciência preparadas por políticos americanos têm objetivos políticos subjacentes. Aqueles que mal podem esperar para criar problemas, desviam a atenção e fogem às responsabilidades. Desde acusar Beijing por não informar Washington sobre a epidemia a tempo, estigmatizar a China, associando o vírus ao país e até mesmo ao vírus ao WIV. No entanto, qualquer pessoa racional e que respeite a ciência irá rir da farsa engendrada por estes políticos americanos.

As mentiras não podem sobrepor-se à justiça. A politização repetida da pandemia por parte dos políticos americanos, impedindo a cooperação internacional na contenção da Covid-19, gerou forte indignação entre a sociedade internacional. A 2 de abril, o Partido Comunista da China emitiu uma carta aberta com 230 partidos políticos de 100 países, dizendo “ apelamos a discussões profissionais com base científica em questões como medidas de prevenção e a origem do vírus. Somos contra a politização de questões de saúde pública e a estigmatização de outros países sob pretexto da Covid-19. Mantemo-nos firmes contra todos os comentários discriminatórios e práticas contra qualquer país, região ou grupo étnico”.

Um desafio global requer a cooperação global. Os resultados iniciais de uma iniciativa da ONU para ajudar a decidir a direção futura da Organização revelaram o apoio esmagador à cooperação internacional, o qual cresceu significativamente desde que a Covid-19 começou a espalhar-se pelo mundo. Os resultados evidenciam que a cooperação e solidariedade continuam sendo a tendência maioritária quando o mundo é ameaçado por crises de saúde pública. A pandemia provou uma vez mais a importância e urgência de construir uma comunidade de destino futuro para a humanidade.

Os políticos americanos devem parar com seus jogos políticos ridículos, parar com a politização da pandemia, e juntar-se à cooperação internacional no combate à doença, com ações concretas para dissipar as nuvens negras em torno da pandemia. Isto é em prol das vidas e saúde dos americanos, bem como da saúde pública e segurança do mundo.

(Zhong Sheng é um pseudônimo usado frequentemente pelo Diário do Povo para expressar seu ponto de vista em questões externas)