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Luta de uma banda brasileira contra epidemia na China

Fonte: Xinhua    23.04.2020 15h40
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Xi'an, 23 abr (Xinhua) -- Eles normalmente trazem shows ao palco e cantam em voz alta para animar os fãs, mas recentemente, os membros da banda brasileira Fancy tomaram uma direção muito diferente: combater a epidemia do coronavírus na China.

A banda tem cinco membros. Depois de assinar um contrato com uma empresa de entretenimento e mídia da Província de Shaanxi, noroeste da China, os membros extáticos da banda estavam ansiosos para realizar uma série de shows na China durante o feriado da Festa da Primavera. Eles estavam dispostos a residir em alguns bares e esperavam conquistar sucesso na China.

Logo veio a epidemia do coronavírus. A excitação se transformou em surpresa e confusão.

"Embarcamos em nossa jornada para a China, mas acabamos em uma batalha contra a epidemia", disseram os membros.

A vocalista Mariana contou que eles receberam uma chamada de seu chefe chinês a caminho da China, dizendo que os shows do Ano Novo Chinês podiam ser cancelados.

"Não esperávamos que a epidemia fosse tão grave naquele momento", disse Mariana.

Em 26 de janeiro, eles chegaram a Xi'an, capital da Província de Shaanxi, uma cidade antiga conhecida por seus icônicos guerreiros e cavalos de terracota da dinastia Qin.

"Antes que pudéssemos experimentar a cultura chinesa antiga aqui, tivemos que ficar em quarentena", revelou Mariana.

John, o guitarrista, disse que não tinham nenhuma ideia de como o vírus era transmitido no início, mas as medidas da comunidade chegaram a tempo, o que "nos fez sentir seguros", disse ele.

Mais tarde, a província atualizou sua resposta de emergência para o primeiro nível, quando os distritos locais começaram a fechar seus blocos.

"Ficamos em casa o máximo possível e usávamos máscaras sempre que saíamos", disse ele. "Eles mediram nossas temperaturas todos os dias, o que acredito ser bastante necessário."

No apartamento que alugaram, os membros da banda transformaram a sala de estar em um local temporário para ensaios com uma guitarra, um baixo, um chocalho e um cajon.

"Além de ir ao supermercado no condomínio da comunidade em busca de comida, aproveitamos o tempo livre da quarentena para estudar a cultura chinesa", afirmou John. "Aprendemos um pouco de mandarim e tentamos cantar músicas chinesas."

Giovani, o baterista da banda, tem um interesse especial pela cultura chinesa. Ele havia comprado uma versão portuguesa do Tao Te Ching, o clássico chinês do Lao Tzu, quando ainda estava no Brasil.

"Sempre me interessei pela filosofia antiga da China, e ler Tao Te Ching me dá uma sensação de calma", disse Giovani.

"Eles chegaram na China pela primeira vez e nada foi fácil para os membros da banda", disse Wang Beichun, que administra o condomínio em que a banda alugou a casa. "Eles entenderam bem e cooperaram com nosso trabalho de controle e prevenção epidêmicos."

Os membros não falam chinês, então costumavam usar aplicativos de tradução no celular para procurar ajuda, o que os auxiliou a formar um vínculo muito bom com os habitantes locais, disse Wang.

Embora pegos de surpresa pela epidemia, os músicos ficaram bastante impressionados com os esforços antiepidêmicos da China.

"O que me impressionou mais foi o senso de solidariedade do povo chinês", disse Giovani. "Vimos um vídeo na internet sobre alguns moradores locais em Wuhan cantando 'Viva Wuhan! Viva China!' e ficamos muito emocionados."

Como músicos, a banda Fancy também queria fazer algo para homenagear os médicos que lutaram na linha de frente. "Eles são heróis, com certeza", disse Mariana. Durante o período de quarentena, a banda compôs uma música em inglês chamada "Tale of Solidarity".

Em 4 de abril, a China, com seus 1,4 bilhão de habitantes, parou em silêncio por três minutos, das 10h00 às 10h03, para lamentar as vidas perdidas pelo novo coronavírus.

A banda se juntou ao povo chinês em luto, com os cinco membros ficando em fila no apartamento em silêncio.

"As medidas da China foram um bom exemplo", disse John. "Agora que o vírus eclodiu em muitos outros lugares, incluindo nosso país natal, o Brasil, muitas vezes compartilhamos nossas medidas contra a epidemia na China com nossa família."

Todos os membros da banda obtiveram os "códigos de saúde" exigidos em Xi'an para comprovar seu estado de saúde e estão livres para circular por aí. Mas como muitos locais de entretenimento continuam fechados, suas performances ainda não poderão acontecer. Então, eles escolheram se apresentar em áreas públicas abertas, como parques, se apresentando ao vivo, na esperança de conquistar mais fãs na China.

Usando máscaras e tocando seus instrumentos, a banda apresentou a música que eles compuseram nos parques e ruas de Xi'an. A letra narra a luta contra o vírus na China.

O ritmo e a voz, combinados com suas coreografias e algumas letras chinesas, conquistaram muitos seguidores na internet.

A banda também criou uma lista de afazeres na China. Eles querem visitar os guerreiros e cavalos de terracota, aprender kung fu no Templo Shaolin, se apresentar nos programas de entretenimento da China e se tornar populares no país. Mas principalmente, eles sentem a falta dos holofotes dos palcos.

"Espero que a epidemia termine o mais rápido possível", disse Mariana. "Queremos estar nos palcos novamente."


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