A experiência em sustentabilidade urbana e cidades inteligentes trazida pela China por meio da cooperação Sul-Sul é um exemplo para o Brasil, afirmou na última quarta-feira, Maria Fernanda Coelho, diretora Financeira e de Crédito Digital para Micro, Pequenas e Médias Empresas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE).
Ela fez essa afirmação durante uma entrevista à Xinhua, no âmbito de sua participação na Conferência de Energia do Brasil 2025, em Teresina, capital do estado do Piauí, onde destacou o potencial da região Nordeste do Brasil como um dos pilares da transição energética que pode impulsionar a industrialização local.
Nesse contexto, ela considerou estratégicos os investimentos chineses no segmento, especialmente no Piauí e nos estados do Nordeste, que estão na vanguarda da inovação em energia eólica e solar e no desenvolvimento do hidrogênio verde.
Empresas chinesas como a State Grid, CGNPC e Three Gorges Group estão investindo ativamente na região para promover o rápido desenvolvimento da energia limpa local.
Coelho destacou a experiência chinesa em sustentabilidade urbana como inspiração para o Brasil, especialmente as chamadas cidades esponja, um modelo de planejamento urbano que busca gerenciar a água de forma mais sustentável, além do sistema de prevenção de desastres naturais.
No seu discurso, Coelho disse que no ano passado durante o aniversário do BNDES, conheceu a experiência das "cidades esponja", um modelo inovador de cidade sustentável que tem sido objeto de estudo dentro do próprio banco. Trata-se de um exemplo extraordinário de como enfrentar eventos climáticos extremos e, ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento urbano sustentável.
Segundo a funcionária, existem um enorme potencial para ampliar e diversificar os investimentos chineses no Piauí e na região Nordeste. Dentro do plano de industrialização do governo federal, o BNDES tem um papel fundamental para atrair investimentos e construir uma indústria nacional forte e sustentável.
Na Conferência de Energia do Brasil 2025, Coelho anunciou o lançamento de uma linha de crédito de 10 bilhões de reais (US$ 1,775 bilhão), destinada ao nordeste do Brasil para fomentar cinco setores prioritários: a transição energética e a descarbonização com ênfase especial no hidrogênio verde, como a bioeconomia (particularmente em bioprodutos farmacêuticos) e o fortalecimento do setor automotivo, incluindo máquinas e equipamentos agrícolas.
O objetivo é identificar grandes projetos na região que possam dinamizar a economia local, utilizando recursos reembolsáveis e não reembolsáveis, explicou ela.
Coelho lembrou que o Comitê Regional das Instituições Financeiras Federais (CORIFF), criado na Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), estava paralisado desde 2014 e foi reativado em setembro de 2024 como parte da estratégia de reindustrialização da região impulsionada pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.