As contas externas de Moçambique ficaram sob pressão em 2024, com o défice combinado da balança corrente e de capital aumentando para US$ 2,23 bilhões, ou 10,1% do seu produto interno bruto (PIB), de acordo com o mais recente Boletim Anual da Balança de Pagamentos 2024 do Banco de Moçambique.

O número reflete um aumento de 26,4% em relação ao ano anterior.

A deterioração foi impulsionada por um défice crescente em conta corrente, que atingiu US$ 2,49 bilhões, um aumento anual de 13,2%. Os fatores contribuintes incluíram um aumento de 37% no défice de renda primária, um aumento de 11% no défice da conta de serviços e uma redução de 18,3% no saldo positivo das transferências correntes.

Apesar do crescente desequilíbrio, Moçambique atraiu US$ 3,55 bilhões em investimento direto estrangeiro (IDE), um aumento anual de 41,6%. A maior parte do investimento foi para indústrias extrativas, representando 87,2% do total. As principais fontes de IDE incluíram África do Sul, Holanda, Maurício e Itália.

A balança de pagamentos global registrou ainda um excedente de US$ 211 milhões, elevando as reservas internacionais para US$ 3,8 bilhões, o suficiente para cobrir até 5,2 meses de importações, excluindo grandes projetos.

No entanto, a posição líquida de investimento internacional do país piorou, com o passivo líquido subindo para US$ 71,3 bilhões, um aumento de 2,61%. O relatório do banco adianta que o ritmo de crescimento do passivo ultrapassou a acumulação de ativos, enfraquecendo a autonomia financeira de Moçambique.