China condena assassinato de civis afegãos por tropas australianas

Fonte: Diário do Povo Online    01.12.2020 10h01

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, rejeitou o pedido de desculpas requisitado pelo primeiro-ministro australiano Scott Morrison devido a um tweet de outro porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, em que é apresentado um soldado australiano assassinando uma criança.

Zhao referiu que o governo australiano deveria se sentir "envergonhado" pelos crimes cometidos por seus soldados no Afeganistão.

Vários incidentes graves cometidos por soldados australianos no Afeganistão foram relatados pela mídia australiana e confirmados em um relatório de investigação do Departamento de Defesa australiano.

Angus Campbell, Chefe da Força de Defesa Australiana, deu uma entrevista coletiva para delinear o conteúdo do relatório, que revelou detalhes chocantes.

Hua listou vários exemplos que surgiram na entrevista coletiva, dizendo que os soldados australianos atiraram sobre homens e adolescentes em grupos, vendaram-nos e cortaram suas gargantas, colocaram dois rapazes de 14 anos em sacos depois de cortar suas gargantas e jogaram-nos no rio, forçando novos recrutas a atirar em prisioneiros para "praticar".

Os crimes atrozes cometidos pela Austrália foram fortemente condenados pela comunidade internacional, disse Hua.

Os comentários da porta-voz foram feitos depois que Morrison, na segunda-feira, exigiu um pedido de desculpas da China por causa de um tweet de Zhao Lijian, outro porta-voz do Ministério do Exterior chinês.

Na segunda-feira, Zhao postou um cartoon satírico com um soldado australiano assassinando uma criança, acompanhado do comentário: "Chocado com o assassinato de civis e prisioneiros afegãos por soldados australianos. Condenamos veementemente esses atos e pedimos que sejam responsabilizados."

Morrison afirmou que o cartoon é falso e que a China deveria se sentir "envergonhada" dele.

"É razoável matar cruelmente civis inocentes afegãos, mas não razoável que outros condenem tais crimes cruéis?" Hua perguntou.

O governo australiano deve refletir profundamente, levar os assassinos à justiça, pedir desculpas ao povo afegão e prometer à comunidade internacional que nunca mais voltará a cometer crimes tão hediondos, afirmou Hua.

Hua rejeitou ainda o boato levantado por um jornalista estrangeiro na conferência de imprensa de que as críticas da China aos assassinatos da Austrália no Afeganistão estão relacionadas com as atuais tensões bilaterais, dizendo que os crimes cometidos não só geraram indignação na China, como também no resto da comunidade internacional.

Tais crimes graves são desumanos e devem ser condenados por todos aqueles que tiverem consciência, disse Hua, observando que as questões entre a China e a Austrália não têm relação.

Hua admitiu que tem havido alguns problemas entre a China e a Austrália recentemente, mas a causa reside no fato da Austrália ter violado as normas básicas que regem as relações internacionais, fazendo afirmações e incorrendo em atos errados sobre questões relativas a Hong Kong e Xinjiang da China. “A China reiterou a sua posição solene e clara sobre o assunto”, reiterou Hua.

Hua exortou a Austrália a reconhecer diferenças entre os dois países com base no respeito mútuo.

Um jornalista da BBC sugeriu que a China estava interferindo nos assuntos internos de outros países, já que os assassinatos envolvem a Austrália e o Afeganistão, mas não estão diretamente relacionados com a China.

Em resposta, Hua disse que a questão não é mais o assunto interno de nenhum país. 

(Web editor: Beatriz Zhang, Renato Lu)

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