Os ministros da Defesa da China e da Índia se reuniram em Moscou numa tentativa de diminuir as tensões na fronteira na região oriental de Ladakh e de explorar formas de melhorar o intercâmbio.

Na reunião de sexta-feira, o conselheiro de Estado chinês e ministro da Defesa, Wei Fenghe, exortou a Índia a cumprir rigorosamente a série de acordos alcançados entre as duas partes, a se abster de provocações na atual Linha de Controle Real, e de ações que possam causar o agravamento da situação.

"Os militares chineses estão totalmente determinados, capazes e confiantes de salvaguardar a soberania nacional e a integridade territorial", disse Wei durante a reunião de ministros da defesa da Organização de Cooperação de Shanghai em Moscou. A organização compreende a China, Índia, Paquistão, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão.

Este foi o primeiro e mais alto nível de conversações entre os dois ministros, depois dos recentes confrontos na fronteira. Chanceleres e outras autoridades dos dois países têm dialogado por telefone desde o início do impasse em maio.

Wei disse que a causa e a verdade da atual tensão na fronteira são muito claras, com a responsabilidade recaindo inteiramente sobre a Índia.

"A China não abrirá mão de um centímetro de seu território", disse.

Em um comunicado emitido pelo Ministério da Defesa da Índia, Rajnath Singh disse que "a situação atual deve ser tratada com responsabilidade e nenhum dos lados deve tomar qualquer medida que possa complicar a situação ou agravar conflitos na fronteira".

A China tem buscado um diálogo e uma solução política para as tensões fronteiriças com a Índia e criticou a interferência de autoridades dos Estados Unidos.

Ji Rong, porta-voz da embaixada da China em Nova Delhi, respondeu a declarações feitas na semana passada pelo vice-secretário de Estado dos EUA, Stephen Biegun, que atribuiu a disputa na região do Vale de Galwan às "demandas excessivas" de Beijing. Ele fez o comentário em conversações durante o Fórum de Parceria Estratégica EUA-Índia.

Ji afirmou: "A China sempre insistiu em resolver disputas territoriais e marítimas com países vizinhos pela via de consultas e negociações com base no respeito aos fatos históricos, em prol da paz e da estabilidade regionais.

"A China e a Índia têm capacidade para resolver suas disputas fronteiriças bilateralmente. Não aceitamos países de fora da região apontando dedos, muito menos se intrometendo ou instigando, o que só colocará em risco a paz e estabilidade regional".

A Rússia, responsável por presidir as reuniões da Organização de Cooperação de Shanghai neste ano, pode desempenhar um papel fundamental na desaceleração, oferecendo uma plataforma para a China e a Índia negociarem a disputa, segundo os especialistas.

Danil Bochkov, especialista do Conselho de Assuntos Internacionais da Rússia, disse que a Rússia valoriza a Índia e a China como importantes parceiros diplomáticos, e que a Rússia e a China compartilham uma visão comum da ordem global.