O conselheiro de Estado e ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse na terça-feira que, como duas importantes forças independentes no mundo, a China e a Alemanha devem fortalecer a consulta estratégica, aprofundar a coordenação estratégica e expandir a cooperação estratégica, em uma tentativa de assumir três tarefas.

Ele fez as observações durante conversações com o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas.

Wang destacou que o mundo atual enfrenta três principais escolhas - multilateralismo ou unilateralismo, abertura ou fechamento, cooperação ou confronto.

A primeira tarefa é fortalecer a cooperação anti-epidêmica global e reviver a economia mundial, informou Wang. No momento em que a prevenção e controle da COVID-19 se tornou uma prática regular, a China está disposta a trabalhar com a Alemanha para expandir o "canal expresso" para intercâmbios de pessoal e fortalecer a cooperação em desenvolvimento de vacinas e medicamentos, em uma tentativa de cuidar da saúde dos dois povos e contribuir para a segurança global em saúde pública.

Segundo Wang, a China e a Alemanha devem defender a solidariedade global, apoiar a Organização Mundial da Saúde e se opor a atos e palavras erradas que estigmatizam a cooperação anti-epidêmica global.

Os dois lados também devem implementar o consenso alcançado na Cúpula do G20 para ajudar a África e outras regiões menos desenvolvidas, em uma tentativa de dar mais impulso à economia mundial, acrescentou.

A segunda tarefa é levar as relações China-União Europeia (UE) a um nível mais alto, observou Wang, acrescentando que o desenvolvimento das parcerias estratégicas com a Alemanha e a Europa é uma escolha estratégica da China, e não uma medida expedita, sem qualquer influência de terceiros.

Como parceiros em vez de rivais, a China e a UE devem se acomodar e aprender umas com as outras, a fim de ajudar a estabilizar o mundo turbulento, enfatizou Wang.

A China está disposta a trabalhar com a Alemanha e a UE para se preparar para a grande agenda política da próxima fase, aprofundar os intercâmbios e a cooperação em comércio e economia, mudanças climáticas, desenvolvimento verde e digitalização, além de concluir as negociações do acordo de investimento China-UE neste ano, apontou o diplomata chinês.

Wang espera que a Alemanha desempenhe um papel construtivo na promoção da confiança mútua e cooperação China-UE durante a atual presidência rotativa alemã do Conselho da UE.

A terceira tarefa é advogar pelo multilateralismo e se opor à "nova guerra fria", disse Wang, acrescentando que a China está disposta a fortalecer a cooperação com a Alemanha em organizações multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial do Comércio, de modo a salvaguardar a autoridade da ONU, promover a governança global e construir uma economia mundial aberta.

Os dois lados devem tomar medidas práticas para manter a operação estável das cadeias industriais e de suprimento, opondo-se à "dissociação", desglobalização e outros atos em uma tentativa de reverter o curso da história, assinalou Wang.

Ele afirmou que a China está pronta para trabalhar com a Alemanha para intensificar os intercâmbios bilaterais em humanidades, think tanks, mídia e instituições de pesquisa, e realizar a segunda conferência do mecanismo de intercâmbio de humanidades de alto nível China-Alemanha e o ano do intercâmbio cultural China-Alemanha, a fim de promover o entendimento pessoa a pessoa entre os dois países.

Por sua parte, Maas disse que a Alemanha valoriza muito as relações Alemanha-China e as relações UE-China, e um maior desenvolvimento das relações com a China é um dos objetivos-chave da Alemanha como atual presidente rotativo do Conselho da UE, acrescentando que a Alemanha trabalhará com a China para promover o sucesso da importante agenda política UE-China na próxima fase.

A "dissociação" não é do interesse de nenhuma parte, enfatizou Maas, acrescentando que a China é um grande país com influência importante, pelo que é impossível encontrar soluções duradouras sem a participação da China no tratamento de grandes questões internacionais, como o combate às mudança climáticas.

Maas observou que a Alemanha espera trabalhar com a China para aprofundar o intercâmbio e a cooperação nos campos de política, economia, comércio e humanidades, lutar contra a pandemia, realizar cooperação em vacinas e garantir a acessibilidade às vacinas.

De acordo com ele, a Alemanha está disposta a conduzir intercâmbios francos com a China sobre questões com pontos de vista diferentes com base no respeito mútuo.

Os dois lados também trocaram opiniões aprofundadas sobre questões internacionais e regionais de interesse comum.

Na terça-feira, Wang também se reuniu com Jan Hecker, conselheiro de política externa da chanceler alemã, e seu conselheiro econômico, Lars-Hendrik Roeller, trocando opiniões com eles sobre a importante agenda política da China e da UE na próxima fase.