A economia brasileira, a maior da América Latina, registrou uma queda de 9,7% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2020, em comparação com os três primeiros meses do ano devido ao impacto causado pela pandemia do novo coronavírus, informou nesta terça- feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com o resultado, a economia brasileira entra oficialmente em recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de encolhimento do nível de atividade e, segundo o IBGE, em comparação com o segundo trimestre do ano passado, a queda foi ainda maior, de 11,4%.

"Ambas as taxas foram as quedas mais intensas da série, iniciada em 1996. No acumulado dos quatro trimestre encerrados em junho, houve uma queda de 2,25% em relação aos quatro trimestres anteriores", informou o instituto no comunicado oficial.

Com o resultado negativo do segundo trimestre, Brasil entrou em recessão técnica, ao ter registrado uma queda de 2,5% (número revisado pelo IBGE). No acumulado do primeiro semestre, o PIB caiu 5,9% em relação ao mesmo período de 2019.

Dos três principais setores que compõem o PIB, apenas a agropecuária teve um resultado positivo (0,4%) no segundo trimestre. A indústria sofreu uma retração de 12,3% em comparação com o trimestre anterior, já o setor de serviços registrou uma queda de 9,7%.

"Somados, indústria e serviços representam 95% do PIB nacional", destacou o IBGE. A retração dos serviços e da indústria foi a maior já registrada em toda a série histórica do PIB, iniciada em 1996.

O consumo das famílias, um dos motores da economia brasileira, caiu 12,5% entre abril e junho, enquanto o consumo do governo baixou 8,85% e os investimentos diminuíram em 15,4%.

O impacto da COVID-19 no Brasil deve provocar uma forte retração econômica no país este ano. Segundo o mercado financeiro, a economia cairá 5,28%, enquanto o governo calcula uma retração de 4,7%.

Ao comentar os dados divulgados pelo IBGE, o ministro da Economia, Paulo Guedes afirmou que a queda de 9,7% já era esperada pelo mercado e pelo governo e garantiu que a recuperação econômica será rápida.

Após uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro, Guedes disse que o resultado é "um som distante", reflexo da pandemia do coronavírus e que a economia brasileira já está em recuperação em V.

Segundo o ministro, as medidas tomadas pelo governo, entre elas o pagamento do auxílio emergencial e o programa de redução de salários e jornadas de trabalho, foram importantes para reduzir os impactos econômicos da pandemia.

"A economia já começa a retomada em V, mas o registro do segundo trimestre ainda é uma queda de 10%, o que, aliás, é o que todo mundo previa. Esse foi o impacto inicial, uma queda de aparentemente 10%, mas na verdade é um som distante, é o som do impacto da pandemia lá atrás e é onde o Brasil ficaria caso não tivéssemos feito todas as medidas que fizemos", ressaltou.

Em nota, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia afirmou que apesar da forte queda do PIB, a redução da atividade está entre as menores em relação as principais economias.