O juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou na segunda-feira a abertura de uma investigação sobre possível uso de informação privilegiada (insider trading) no mercado de câmbio momentos antes do presidente Donald Trump anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
A investigação foi motivada por um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), que apontou indícios de que transações em dólar foram realizadas horas antes do anúncio oficial das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos em 9 de julho.
De acordo com a AGU, as transações apresentam movimentações atípicas e volume significativo, o que pode sugerir que alguns investidores tiveram acesso prévio e indevido a informações sigilosas sobre o aumento de tarifas imposto pelo governo americano.
A transação suspeita ocorreu em 9 de julho. Às 13h30 (horário de Brasília), alguém comprou entre 3 bilhões e 4 bilhões de dólares cotados a 5,46 reais. Então, às 16h17, o presidente Trump publicou uma carta anunciando tarifas de 50% contra o Brasil. Finalmente, às 16h20, esses mesmos dólares foram vendidos a 5,60 reais.
A alta do dólar logo após o anúncio era esperada, devido à instabilidade que a medida geraria, mas o que chamou a atenção foi a aposta multimilionária feita horas antes, com valores bem acima da média e de forma concentrada.
O trader Spencer Hakimian, gestor da Tolou Capital Management em Nova York, disse ao Jornal Globo que "este não é o padrão normal de transações com o real naquele dia. Poderia ter sido qualquer um que soubesse desde o início; teremos que esperar para ver quem realmente fez isso."
Segundo Hakimian, essa movimentação indica que o operador estava ciente da informação antes do anúncio, sabia do impacto que ela teria no mercado e entendeu exatamente quando operar.