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Chanceler brasileiro qualifica ameaça de sanções da OTAN como "descabida"

Fonte: Xinhua    18.07.2025 13h19

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, disse que a ameaça da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sobre possíveis sanções ao Brasil por manter comércio com a Rússia é "totalmente descabida" e que o país não pretende dialogar com a entidade nesse cenário.

Em uma entrevista ao Estúdio I, programa de televisão exibido pelo canal Globo News, na quinta-feira, Vieira criticou os comentários do secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, proferidos nesta terça-feira, sobre possíveis sanções ao Brasil por manter comércio com a Rússia.

"Acho que esses comentários do secretário-geral da OTAN são totalmente descabidos. Primeiro, porque a OTAN é uma aliança militar e não negocia acordos comerciais. Segundo, porque o Brasil não faz parte dessa aliança militar", disse o chanceler.

Na terça-feira Mark Rutte declarou que países como Brasil, China e Índia poderiam ser duramente atingidos por sanções secundárias se continuarem mantendo relações comerciais com a Rússia.

Questionado se viu uma interferência da OTAN sobre o Brasil e se pretende dialogar com a entidade, Mauro Vieira declarou que "Dialogar com a OTAN, não. Nós não fazemos parte. A OTAN, é preciso que fique claro: é uma organização militar, Organização do Tratado do Atlântico Norte. O Brasil não é parte, nem os outros dois países que o secretário-geral mencionou. Eu acho a declaração dele totalmente descabida, fora de propósito, fora da área de competência dele. Ele tem que tratar da aliança militar."

A OTAN é uma aliança militar composta por 31 países da América do Norte e da Europa, criada com objetivo de garantir a segurança coletiva entre seus membros. Sanções secundárias são penalidades aplicadas a países ou empresas que mantenham relações comerciais com um país já sancionado pela entidade, neste caso, a Rússia.

Ainda na entrevista à Globo News, o chanceler brasileiro ironizou a ameaça de Rutte, afirmando que "talvez" o chefe da OTAN não saiba que o organismo tem caráter de aliança militar e não tem alcance comercial.

"Talvez ele esteja mal-informado, não saiba que é uma organização militar, não tem alcance comercial. Sobretudo porque, se for assim, países membros da OTAN que são membros da União Europeia - e que mantêm comércio com a Rússia e compram grandes quantidades de petróleo e de gás - teriam que ser também sancionados", afirmou o ministro.

O chanceler reiterou que as questões comerciais devem ser tratadas bilateralmente ou no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), e não por meio de uma organização militar.

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