Maioria dos brasileiros desaprova as tarifas de Trump sobre produtos do país, aponta pesquisa

Fonte: Xinhua    17.07.2025 13h22

A esmagadora maioria dos brasileiros rejeita a recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre as importações do Brasil, de acordo com uma pesquisa publicada nesta quarta-feira pelo Instituto Quaest.

O estudo demonstra forte desaprovação em relação às medidas adotadas pelo presidente norte-americano e alerta para a percepção de um impacto negativo direto na vida das famílias brasileiras.

De acordo com a pesquisa, 72% dos entrevistados acreditam que Trump está errado ao impor as tarifas, argumentando que há uma suposta perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto 79% afirmaram que o "aumento da tarifa" prejudicará suas vidas ou as de suas famílias, refletindo um alto nível de sensibilidade social em relação às repercussões econômicas da decisão.

A pesquisa, realizada entre 10 e 14 de julho, entrevistou 2.004 pessoas maiores de 16 anos em 120 municípios do país. O resultado tem margem de erro de dois pontos percentuais e nível de confiança de 95%.

Além da ampla rejeição a Trump, a pesquisa indica que 63% dos brasileiros discordam da afirmação do presidente americano de que a relação comercial entre os dois países é injusta. Apenas 25% compartilham essa opinião.

Da mesma forma, a população expressou forte apoio à resposta do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, às medidas de Washington. Cinquenta e três por cento acreditam que Lula agiu corretamente ao retribuir as tarifas impostas pelos Estados Unidos.

No entanto, também há percepções críticas em relação ao próprio presidente brasileiro. Segundo a pesquisa, 55% acreditam que Lula provocou Trump com suas declarações durante a recente cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro.

O conflito com Trump também parece ter gerado repercussões políticas no Brasil. Felipe Nunes, diretor da Quaest, destacou que o confronto com o presidente americano contribuiu para uma ligeira recuperação no índice de aprovação do governo Lula, especialmente entre setores de classe média com alto nível educacional e moradores da região sudeste do país.

De acordo com os dados, o índice de desaprovação do presidente brasileiro caiu de 57% para 53%, enquanto seu índice de aprovação aumentou de 40% para 43%.

"A melhora na imagem do governo ocorreu entre segmentos mais informados e menos ideologizados da população, que se sentem diretamente afetados pelas tarifas de Trump", explicou Nunes. "O governo passou de um ator secundário para um protagonista na agenda pública nacional", acrescentou.

Em um contexto de tensão bilateral, os cidadãos brasileiros também expressaram um forte desejo de unidade diante dos desafios externos. Segundo a pesquisa, 84% dos entrevistados acreditam que o governo e a oposição devem se unir para defender o país contra as medidas americanas.

Quanto à legitimidade de Trump para comentar assuntos internos do Brasil, 57% acreditam que o presidente americano não tem o direito de criticar o processo judicial no qual Bolsonaro é acusado, enquanto 36% acreditam que ele tem.

(Web editor: Beatriz Zhang, Renato Lu)
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