Apesar da agressiva política de "tarifas recíprocas" anunciada pela Casa Branca, os principais economistas acreditam que o forte potencial de consumo interno da China e as estratégias de investimento concentradas nas pessoas estão bem posicionadas para combater os riscos apresentados pelos aumentos de tarifas, informou o China Daily.
"Embora a economia da China enfrente desafios, o céu não está caindo", disse Chen Wenling, ex-economista-chefe do Centro de Intercâmbio Econômico Internacional da China, que afirmou que a economia "permanece robusta e capaz de enfrentar tempestades".
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira passada uma tarifa básica de 10% sobre as importações de todos os países e taxas tarifárias mais altas para dezenas de nações que têm superávits comerciais com os EUA.
"A economia da China tem mantido uma trajetória de crescimento estável nas últimas décadas, e sua enorme escala econômica tem servido como um poderoso amortecedor contra pressões externas", disse Chen.
Este ano, o país asiático está redobrando os esforços para impulsionar a demanda interna, tanto nos gastos do consumidor quanto no investimento real, para sustentar seu crescimento. Os formuladores de políticas estabeleceram a relação entre déficit e PIB no nível mais alto já registrado.
Ao colocar a demanda interna em primeiro lugar, a China pode criar um modelo de crescimento econômico mais estável e autossustentável que seja menos vulnerável aos fluxos comerciais globais voláteis, disse Chen.
Li Daokui, diretor do Centro Acadêmico de Pensamento e Prática da Economia Chinesa da Universidade Tsinghua, previu que a taxa de crescimento econômico anual da China em 2025 "certamente será mais rápida do que no ano passado", acrescentando que "os formuladores de políticas ainda têm uma gama diversificada de ferramentas de política à sua disposição".
"Várias vezes, vimos que todos os esforços das nações ocidentais para erguer barreiras comerciais, impor bloqueios tecnológicos ou empregar outros meios de pressão contra a China falharam consistentemente em atingir os objetivos desejados", lembrou Li.
Ele apontou o próprio sistema operacional da Huawei, o HarmonyOS, e a startup de inteligência artificial DeepSeek como exemplos dessa dinâmica. Longe de impedir o progresso chinês, as pressões externas catalisaram um aumento na autossuficiência e na inovação interna.
O país tem "paciência e determinação suficientes" para lidar com os impactos, já que as políticas dos EUA são implementadas às pressas, muitas vezes sem uma estratégia bem pensada ou uma compreensão clara de suas implicações mais amplas, comentou Li.
Jeffrey Sachs, diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Colúmbia, disse: "Os Estados Unidos devem reconhecer que a ascensão da China não é boa apenas para a China, mas também para os Estados Unidos e para o mundo em geral".
Washington não deve aspirar a um mundo em que apenas sua própria prosperidade exista, enquanto todos os outros permaneçam na pobreza. Em vez disso, deve lutar por um mundo com prosperidade amplamente compartilhada e todas as nações possam colher os benefícios da paz e abertura, disse Sachs.