O plano da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a segunda fase de estudos sobre as origens da COVID-19 foi apresentado unilateralmente pelo Secretariado da OMS, sem obter a aprovação de todos os Estados-membros, disse nesta quinta-feira o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Zhao Lijian.
Zhao comentou em uma coletiva diária que a OMS é liderada pelos Estados-membros, e o projeto foi apresentado pelo Secretariado para discussão pelos Estados-membros, que têm o direito de fazer ajustes. "O mandato do Secretariado é para dar conveniência para que os Estados-membros tenham consulta completa e cheguem a um consenso. Não tem direito de tomar decisões por conta própria."
Desde o surto da COVID-19, a China sempre atribuiu alta importância aos estudos sobre as origens do vírus, participando ativamente da cooperação global nesta área com uma atitude aberta e baseada em ciência, e convidando especialistas da OMS à China duas vezes para pesquisas conjuntas sobre o rastreamento de origem, de acordo com Zhao.
"Investimos enormes esforços, alcançamos resultados importantes e chegamos a conclusões confiáveis", disse ele.
Recentemente, muitos países, incluindo a China, expressaram preocupação e oposição à segunda fase do plano de trabalho para rastreamento de origem, proposto pelo Secretariado da OMS, disse Zhao, acrescentando que é uma crença compartilhada que o plano não refletiu os resultados mais recentes da pesquisa global no rastreamento de origens e não pode servir de base para a segunda fase dos estudos conjuntos de origem, avaliou Zhao.
Enquanto isso, 60 países escreveram ao diretor-geral da OMS dizendo que aceitam o relatório conjunto de estudo OMS-China e rejeitam a politização dos estudos de origem, acrescentou.
"Este é o apelo legítimo e a voz da justiça da comunidade internacional", indicou o porta-voz.
Zhao observou que antes do Secretariado da OMS divulgar seu plano, especialistas chineses, com o objetivo de apoiar e coordenar com os esforços da OMS para conduzir a próxima fase dos estudos de origem, haviam apresentado à OMS uma proposta chinesa baseada na fase anterior de estudos, conduzidos conjuntamente por especialistas chineses e da OMS, e no relatório conjunto.
"O plano chinês é uma solução profissional e baseada em ciência que foi testada na prática", disse Zhao.
Ele assinalou que a segunda fase deve ser guiada pela resolução da Assembleia Mundial da Saúde, contar principalmente com cientistas e realizar pesquisas científicas baseadas em evidências, acrescentando que as conclusões e recomendações no relatório conjunto de estudo OMS-China devem servir de base para a segunda fase de estudos.
A segunda fase não deve repetir o que já foi realizado durante a primeira fase, especialmente quando já foram alcançados resultados conclusivos, disse Zhao, acrescentando que, uma vez que o relatório conjunto de estudo OMS-China já declarou claramente que "uma origem laboratorial da pandemia foi considerada extremamente improvável", o foco principal da segunda fase deve ser sobre possíveis caminhos identificados como "muito prováveis" e "prováveis" pelo relatório conjunto.
"Devem ser feitos esforços para avançar a pesquisa de rastreabilidade em vários países e regiões do mundo", enfatizou ele.
Zhao destacou que a prática, os mecanismos e abordagens utilizados na primeira fase devem ser aprendidos para se realizar novos estudos de forma ordenada e tranquila.
"As regiões a serem cobertas pela segunda fase e o plano de trabalho devem ser determinados após avaliação abrangente com base em evidências de pesquisa aberta", disse ele.
Zhao também observou que o grupo de especialistas deve ser formado com base nos especialistas da primeira fase da pesquisa de rastreamento de origem, e respeitar plenamente o nível profissional, a reputação internacional e a experiência prática dos membros do grupo de especialistas, acrescentando que especialistas em outras áreas podem ser adicionados adequadamente com base na composição original de especialistas, se necessário.
A China continuará a agir de acordo com as recomendações de trabalho relevantes no relatório conjunto de estudo OMS-China e realizará ativamente novas pesquisas de acompanhamento recomendadas no relatório, disse Zhao, enfatizando que o estudo das origens é uma questão séria da ciência, e devemos deixar que os cientistas cheguem ao fundo desse vírus para se prepararem melhor para riscos futuros.
"Rejeitamos firmemente o rastreamento de origem com base na política. Quanto aos estudos de origens verdadeiramente baseados em ciência, tomamos uma parte ativa neles e continuaremos a fazê-lo", disse Zhao.
Em 28 de julho, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, divulgou um texto sobre a reunião do secretário de Estado Antony Blinken com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em que Blinken "afirmou o apoio dos EUA aos planos da OMS para realizar estudos adicionais sobre as origens da COVID-19, inclusive na República Popular da China", "enfatizou a necessidade de a próxima fase ser oportuna, baseada em evidências, transparente, orientada por especialistas e livre de interferências", e "enfatizou a importância da comunidade internacional se unir sobre este assunto".
Em resposta, Zhao disse que a China concorda que os estudos sobre as origens da COVID-19 devem ser baseados em evidências, liderados por especialistas e livres de interferências. "Mas não é isso que o lado dos EUA tem feito."
Zhao lembrou que os Estados Unidos acusaram falsamente a China de um vazamento de laboratório e fabricaram o boato de que três pesquisadores do Instituto de Virologia de Wuhan adoeceram, embora não pudessem sequer fornecer seus nomes; ordenaram que a comunidade de inteligência fizesse o trabalho de rastreamento de origem e marginalizaram e calaram os cientistas e profissionais objetivos e racionais; e altos funcionários do governo dos EUA teriam suspendido um projeto de rastreamento de origem e selado amostras de sangue coletadas antes de 2 de janeiro de 2020 para que não fossem submetidas a novos testes depois que anticorpos de COVID-19 foram encontrados em amostras de sangue coletadas nos Estados Unidos já no início de janeiro de 2020.
A resposta à COVID-19 nos Estados Unidos é a pior do mundo, comentou Zhao, acrescentando que o governo norte-americano não tomou nenhuma ação investigativa diante de ondas de suspeitas em torno de violações de contenção pelo laboratório biológico no Fort Detrick e dos focos de casos inexplicáveis de pneumonia em Maryland em 2019.
Até o momento, mais de 18 milhões de internautas chineses assinaram uma carta aberta pedindo à OMS para investigar o Forte Detrick. "Se os Estados Unidos realmente pretendem apoiar estudos de origens, então o país deve responder ao apelo, demonstrar sua abertura e transparência e deixar que os especialistas da OMS conduzam investigações nos Estados Unidos", disse Zhao.