Pesquisa: maioria das empresas americanas confiantes no futuro da China

Fonte: Diário do Povo Online    13.08.2020 09h19

As empresas dizem que são lucrativas e planejam permanecer no país, apesar das relações tensas.

A fábrica de Tesla em Shanghai

Apesar de um arrefecimento sem precedentes nas relações entre as duas principais economias do mundo durante a pandemia de COVID-19, as empresas dos Estados Unidos não estão deixando o mercado chinês, onde a maioria está obtendo lucros e está otimista sobre as perspetivas para o futuro, segundo o Conselho de Negócios EUA-China em seu relatório anual pesquisa de membros na terça-feira.

A pesquisa foi levada a cabo no final de maio e junho entre mais de 100 empresas membros do conselho que fazem negócios na China, metade dos quais são fabricantes e 45% prestam serviços.

Ele descobriu que as projeções das empresas para as perspetivas de negócios a cinco anos na China são positivas, com quase 70% expressando otimismo sobre as perspetivas do mercado e 87% dizendo que não têm planos de transferir a produção da China.

Apenas uma pequena fração - 4 por cento daqueles que planejam mover suas operações para fora do mercado da China preveem o retorno aos Estados Unidos, segundo a pesquisa.

A China foi considerada a primeira ou entre as cinco maiores prioridades para a estratégia global de acordo com 83% dos entrevistados.

Os resultados sugerem que as empresas americanas continuam comprometidas com o mercado chinês no longo prazo, apesar de anos de atrito comercial e cada vez mais pedidos de dissociação econômica por parte das autoridades políticas.

A lucratividade é também um componente-chave da confiança de longo prazo no mercado chinês, concluiu a pesquisa, já que 91% das empresas indicam que suas operações na China são lucrativas, embora com uma margem menor que nos anos anteriores.

"De acordo com os nossos dados, a principal restrição à lucratividade é o COVID-19 e seu impacto na economia", disse. "A maioria das empresas inquiridas também alcançou um aumento na receita no ano passado."

Porém, apesar do otimismo de longo prazo, os atritos comerciais bilaterais e especialmente o surto de COVID-19 estão pesando sobre as decisões de investimento e as perspetivas econômicas de curto prazo das empresas americanas na China.

Quando questionadas sobre a interrupção do investimento previsto para a China no ano passado, 93% das empresas norte-americanas disseram que os principais motivos foram o aumento de custos ou incertezas decorrentes das tensões EUA-China e a COVID-19.

Apenas 11% citaram "melhores perspetivas de negócios em outro país" como motivo para restringir suas atividades na China.

As tensões entre os dois países parecem estar aumentando, dizem os observadores, com o governo dos EUA lançando um conjunto de medidas duras contra a China, sob pretexto de preocupações com a segurança nacional.

Em 2020, o impacto mais debilitante das tensões comerciais bilaterais - de acordo com metade dos entrevistados - foi a perda de vendas devido à incerteza do cliente sobre a continuidade do fornecimento, de acordo com a pesquisa do Conselho de Negócios EUA-China.

"As recentes políticas dos EUA restringindo as vendas de certos produtos e serviços para algumas empresas chinesas começaram a impactar mais as interações comerciais entre as empresas americanas e seus clientes chineses", refere o documento.

Quanto à proteção da propriedade intelectual, que tem estado no centro do atrito comercial bilateral, a pesquisa averiguou que 61 por cento das empresas americanas relataram que a proteção à propriedade intelectual da China havia "melhorado muito" ou "melhorou um pouco" - a classificação mais alta em uma década. Apenas 2 por cento relataram o contrário.

As empresas relataram que as disputas são cada vez mais tratadas por juízes com uma compreensão diferenciada em questões de propriedade intelectual e por policiais mais motivados, dispostos a investigar fábricas infratoras. Parece que há uma consciência geral por parte dos parceiros e titulares de licenças sobre a importância da proteção, observou a pesquisa.

"O comércio e os investimentos EUA-China sustentam cerca de 2,6 milhões de empregos americanos", disse o presidente do USCBC, Craig Allen. "Precisamos de manter e aumentar esses empregos no futuro, enquanto encontramos maneiras de reduzir os conflitos em outras áreas do relacionamento bilateral".

As empresas explicam que as tarifas continuam sendo uma questão chave, porque mesmo com a assinatura do acordo comercial de fase um, as tarifas permanecem sobre US $ 370 bilhões em produtos chineses e mais de US $ 110 bilhões em produtos americanos.

O USCBC disse que as empresas americanas consideram o acordo uma força estabilizadora em um relacionamento bilateral que se deteriora rapidamente e continuam a apoiá-lo esmagadoramente.

Ele observou que, desde a assinatura do acordo, a China tomou medidas para liberalizar o seu setor de serviços financeiros para empresas estrangeiras, reduzir significativamente as barreiras ao comércio no setor agrícola e fortalecer seu regime jurídico interno e de cumprimento para proteger os direitos de propriedade intelectual.

Claire Reade, associada senior e presidente do conselho de administração e economia chinesa do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington, disse também que, mesmo com as divergências em ambos os lados, o acordo comercial da primeira fase ainda está sendo implementado, com a China abrindo seus mercados financeiros e reduzindo as barreiras não tarifárias.

(Web editor: Renato Lu, editor)

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