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Decisão discriminatória do Twitter de rotular imprensa chinesa e russa de “afiliada ao estado” causa polêmica online

Fonte: Diário do Povo Online    10.08.2020 09h35

O Twitter na quinta-feira anexou um rótulo às contas de "entidades de mídia com afiliação estatal" e seus funcionários, uma medida que desfere um duro golpe para meios de comunicação de países como China e Rússia, enquanto a mídia ocidental com financiamento estatal, incluindo a BBC e a VOA são isentos deste tratamento devido à sua “independência editorial”, com público e especialistas de todo o mundo criticando o gigante da Internet pelos“padrões duplos” e “violação da liberdade de expressão”.

Num post em que anuncia a decisão, o Twitter enfatizou que esses rótulos se aplicariam apenas aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. No entanto, a maioria dos meios de imprensa afetados pelas novas regras são da China e da Rússia. O anúncio observou que meios de imprensa com afiliação estatal não terão mais seus tweets promovidos, acrescentando que os a imprensa que usa financiamento do estado, mas que goza de independência editorial, como a NPR nos Estados Unidos e a BBC no Reino Unido, não será visada.

“Ao contrário da imprensa independente, a imprensa com afiliação estatal usa frequentemente a cobertura de notícias como meio de promover uma agenda política. Acreditamos que as pessoas têm o direito de saber quando um destes veículos está direta ou indiretamente associado a um ator estatal”, observou o anúncio.

Os principais meios de comunicação da China e da Rússia são todos rotulados como "imprensa afiliada ao estado", incluindo o Diário do Povo, a Agência de Notícias Xinhua e a CGTN da China, bem como a RT e Sputnik da Rússia. A maioria dos meios de comunicação financiados pelo governo ocidental não está incluída na lista, sem que o Twitter forneça evidências sólidas de que são "independentes do governo".

“A explicação do Twitter para rotular os meios de comunicação chineses e russos como afiliados ao estado, isentando a mídia ocidental de tratamento semelhante, é infundada e arrogante, provando que a questão liberdade de expressão é apenas conversa fiada”, disse Qin An, chefe do Instituto de Estratégia do Ciberespaço da China.

A decisão do Twitter gerou um intenso debate e polêmica online. O usuário do Twitter “Labels” observou em sua postagem que a “Radio Free Europe foi literalmente fundada pela CIA, como é que ela não está na lista?”.

A maioria dos meios de comunicação afiliados ao governo americano nos EUA, como a Radio Free Europe e a Voice Of America, não foram incluídos na medida, embora o primeiro seja uma organização financiada pelo estado que recebeu fundos secretamente da Agência Central de Inteligência (CIA) até 1972, transmitindo a ideologia dos EUA em países da Europa Oriental, Ásia Central e Oriente Médio, onde o governo dos EUA considerou que "o fluxo livre de informações foi proibido pelo governo ou não foi totalmente desenvolvido".

“A Voice of America (VOA) é supervisionada pela US Agency for Global Media. Após a aprovação da Lei de Autorização de Defesa Nacional para o ano fiscal de 2017, qualquer novo CEO de agência será nomeado pelo presidente dos EUA e confirmado pelo Senado, tendo autoridade para selecionar as pessoas que ocupam cargos-chave. Eu não chamaria a isto de ‘imprensa independente financiada pelo estado’ ”, disse um internauta no Sina Weibo.

A decisão do Twitter é a mais recente ação dos EUA contra os meios de comunicação chineses. De acordo com o Guardian, a Google excluiu 2.500 contas do YouTube com conexões à China entre abril e junho, observando que foram removidas como "parte de nossa investigação sobre operações de influência coordenadas vinculadas à China".

“É perigoso que as políticas de duplo padrão dos EUA agora tenham se expandido para o nível empresarial e até mesmo plataformas de mídia social como o Twitter agora sejam afetadas. É imposição de hegemonia no ciberespaço ”, acrescentou Qin.

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