Por um lado, a faceta mais dolorosa da vida: atualmente, cerca de 1 em cada 100 americanos testou positivo para a Covid-19; o número cumulativo de desempregados é de mais de 50 milhões e o PIB deverá cair em 37% no segundo trismestre - a maior queda desde a Grande Depressão.
Por outro lado, o lado mais belo da vida: a bolsa de valores está com um bom desempenho; desde março até maio, o patrimônio de mais de 600 americanos abastados disparou em $434 bilhões.
Os EUA são o país mais rico do mundo. Porém, a realidade é que cerca de 30 milhões de pessoas não tem acesso a seguro de saúde e 14% dos cidadãos não tem acesso a cuidados médicos.
Após dois meses no hospital, Michael Flor, de 70 anos, sobreviveu à Covid-19 para receber uma conta de $1 milhão em custos hospitalares.
O governo americano não pediu às empresas farmacêuticas para cortar os preços. Em vez disso, o congresso passou uma lei relacionada com o coronavírus, incluindo $3,1 bilhões para desenvolver fármacos e vacinas e expandir a capacidade manufatureira em março. Desta forma, as empresas farmacêuticas conseguiram enfraquecer ou remover os mecanismos que controlam o preço dos fármacos.
“Os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres”. Isto não se trata apenas dos EUA sob a epidemia, mas dos EUA ao longo dos últimos 30 anos. Entre 1989 e 2018, a parcela de patrimônio entre 1% da população mais rica aumentou de 23% para 32%, enquanto que o crescimento de valor na camada de 50% inferior foi de praticamente zero, segundo um relatório da Reserva Federal.
Esta é a verdadeira América da epidemia. Os capitalistas procuram passar suas leis e desfrutar da sua riqueza através de jogos de influências, enquanto que milhões de pobres enfretam uma elevada taxa de mortalidade, custos médicos elevadíssimos e a pressão do desemprego.
Um lado da vida americana é o paraíso, enquanto que o outro é o inferno.