Por Beatriz Cunha
Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, que também integra o Centro de Contigência do governo brasileiro afirma que a pandemia no Estado de São Paulo, vem piorando e defende que o ideal seria aumentar para 70% o isolamento social.
O estado de São Paulo deve continuar num “patamar elevado” da pandemia até 2021, segundo projeção apresentada na terça-feira (14) pelo diretor do Instituto Butantan.
“A taxa de mortalidade, embora possa estar estabilizada, está em um patamar elevado. Temos algo em torno de 300 óbitos por dia no estado de São Paulo. O que corresponde a um Boeing 747. Estamos tendo a explosão de um Boeing 747 por dia”, afirmou Dimas durante debate virtual com especialistas realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp) e o Instituto Butantan.
O governo comemorou nesta semana que as mortes semanais no estado de São Paulo caíram pela terceira semana consecutiva, anunciando flexibilização da quarentena em 9 regiões do estado.
Segundo as projeções apresentadas por Dimas, a taxa de transmissão da doença ainda não caiu a ponto de aniquilar o contágio, portanto os números de mortes e casos devem continuar aumentando.
O diretor do Instituto Butantan afirmou que “nenhum especialista, nenhum infectologista, nenhum epidemiologista fala pra você que você pode sair com curva em ascensão.” Segundo ele a flexibilização da quarentena no estado de São Paulo não faz sentido, já que não há curva em descensão até o momento.
Dimas afirmou que o isolamento social mantido em cerca de 45% do estado de São Paulo está abaixo de 50%, e defendeu que a epidemia se daria de forma diferente caso as medidas de isolamento aumentassem para 70%, noticiou o G1 na terça-feira.
O matemático Eduardo Massad, professor titular da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que também participou do debate virtual organizado pela Fapesp e o Instituo Butantan, afirmou que no Brasil 500 mil crianças estão infectadas com o novo coronavírus.
Eduardo defendeu, através de fórmulas matemáticas, que o retorno das aulas escolares em agosto seria precipitado.
“No primeiro dia de aula nós vamos ter 1700 novas infecções, com 38 óbitos. Isso vai dobrar depois de 10 dias e quadruplicar depois de 15 dias. Então, abrir as escolas agora é genocídio", declarou o matemático.
Eduardo lembrou que até o momento mais de 300 crianças morreram por Covid-19 no Brasil, e caso as escolas sejam reabertas “sem um planejamento muito preciso e um controle muito grande” isso resultará na morte de “17 mil crianças contra 300 e poucas no curso natural da epidemia, com as escolas fechadas", afirmou.
Na terça-feira, o estado de São Paulo confirmou 12 mil novos casos de Covid-19 num período de 24 horas. Tendo registrado 53.899 novos caso na última semana.
