A China irá impor sanções à fabricante de armamentos americana Lockheed Martin, a principal responsável pela recertificação dos mísseis de defesa aérea Patriot Advanced Capability-3 (PAC-3) na ilha de Taiwan.
As sanções deverão incluir o corte do fornecimento de materiais, como terras raras, um componente crucial para a produção de armamentos avançados, e restrições aos fornecedores da Lockheed Martin que operem na parte continental da China, segundo especialistas chineses do setor de aviação, na terça-feira.
Os EUA anunciaram na quinta-feira a aprovação de um contrato de fornecimento de armas a Taiwan, envolvendo a recertificação dos mísseis de defesa aérea PAC-3 a um custo estimado de $620 milhões.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Zhao Lijian disse em uma coletiva de imprensa de rotina na terça-feira que a China havia decidido tomar as medidas necessárias para impor sanções à empresa americana.
Zhao não elaborou nos detalhes das sanções.
A Lockheed Martin é uma produtora de armas focada em armamentos e equipamentos avançados, sendo que a China não tem muitos negócios diretos com a empresa, referiu Wang Ya’nan, um especialista da indústria de aviação e editor chefe da revista Aerospace Knowledge.
No entanto, é possível que a China restrinja a cadeia de fornecimento da Lockheed Martin, dado que a empresa irá inevitavelmente importar matérias-primas, incluindo metais e minerais, incluindo as terras raras da China, através dos seus fornecedores com ligações à China, explica Wang.
Outros fabricantes de componentes e designers de sistemas que estão relacionados com a China poderão também ser proibidos de fazer negócios com a fabricante americana como parte das sanções, segundo Wang.
Entre os principais produtos da Lockheed constam os caças F-35 e os mísseis Patriot, que dependem de componentes fabricados com terras raras, segundo os analistas. A China é o maior exportador desta matéria prima, sendo que os EUA importam cerca de 80% do país, segundo os relatórios.
Além disso, o ministério da defesa do Reino Unido revelou em 2019 que a Exception PCB, uma empresa chinesa, estava fabricando placas de circuito para caças F-35. Esses componentes "controlam muitos dos principais recursos do F-35", informou a rede.
Embora não seja em larga escala, a Lockheed Martin tem alguns negócios na China no setor das novas energias, aviação civil e espacial, de acordo com o programa Weihutang de assuntos militares afiliado à China Central Television.
A Lockheed Martin tornou-se a primeira empresa estadunidense desde o início da guerra comercial sino-americana a ser diretamente visada pelas autoridades chinesas para a imposição de sanções, de acordo com He.
Anteriormente, embora a China tenha afirmado que iria formular uma lista de entidades como resposta às sanções impostas por governos estrangeiros, nenhuma empresa havia sido mencionada por um oficial governamental, mencionou He.
Esta não é a primeira vez que a China impõe sanções a produtores de armas americanos envolvidos na venda de armamentos à ilha de Taiwan.
Por exemplo, depois do governo dos EUA ter aprovado um plano para vender US $ 2,22 bilhões em armas a Taiwan em julho de 2019, o Ministério das Relações Exteriores da China anunciou a imposição de sanções às empresas americanas que participaram nas vendas. As empresas incluíram a Raytheon, General Dynamics, BAE e Oshkosh.
A China opõe-se resolutamente à venda de armas americanas à ilha de Taiwan e a qualquer forma de ligação militar entre a ilha e os EUA, referiu Zhu Fenglian, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, na terça-feira.
As tentativas das autoridades do Partido Democrata Progressista de alcançar a “independência pela força” estão fadadas ao fracasso, servindo apenas para sabotar a paz e estabilidade e trazer uma maior catástrofe sobre o povo de Taiwan, avisou Zhu.