Rio de Janeiro, 5 mai (Xinhua) -- A agência de classificação de risco Fitch, uma das três principais do mundo, manteve nesta terça-feira o rating do Brasil em BB- e revisou a perspectiva para negativa devido à deterioração da situação econômica e fiscal do país como consequência da pandemia do novo coronavírus.
Segundo a Fitch, o Brasil entrou no atual período de estresse com um balanço fiscal relativamente fraco e baixo crescimento econômico.
"A pandemia e a recessão relacionada a ela aumentará ainda mais o endividamento público, corroendo a flexibilidade e levando a uma maior vulnerabilidade a choques", diz o comunicado da agência.
Por outro lado, a Fitch optou por reafirmar o rating por considerar que o Brasil é uma ampla e diversificada economia, com uma alta renda per capita em comparação com outros países em desenvolvimento e pela capacidade que tem de absorver choques externos apoiada por um câmbio flutuante, desequilíbrios externos moderados e reservas internacionais robustas.
A agência baixou a nota do Brasil para BB- em fevereiro de 2018, pouco depois que o governo do então presidente Michel Temer abandonou a intenção de votar a reforma da previdência social no Congresso. A nota significa que o Brasil está três níveis abaixo do grau de investimento.
A Fitch espera uma contração de 4% na economia brasileira em 2020, com riscos de maior queda. "O crescimento médio de -0,6% nos últimos cinco anos reflete uma lenta recuperação após uma longa e profunda recessão em 2015/2016", disse.
Para 2021, a agência espera que a economia brasileira cresça 3%, coincidindo com a recuperação do país após a pandemia.
Por outro lado, a Fitch projetou uma deterioração das contas públicas brasileiras e estimou que o deficit público este ano deve chegar a 13% do Produto Interno Bruto (PIB), devido ao impacto que as finanças do governo sofrerão com a crise econômica atual.
Há mais de quatro anos que o Brasil está sem conseguir o grau de investimento, que as três grandes agências de classificação de risco lhe retiraram. A Standard & Poor's foi a primeira a retirar o selo de bom pagador do país em setembro de 2015 e, posteriormente, a Fitch e a Moody's fizeram o mesmo.
O Brasil conquistou pela primeira vez em 2008 o grau de investimento outorgado pela Fitch e a S&P, que foram seguidas pela Moody's em 2009.