O coronavírus continua a se espalhar pelos EUA, com o número de casos confirmados no país a atingir 1 milhão na terça-feira. No entanto, alguns políticos americanos continuam a fazer acusações infundadas e comentários irresponsáveis sobre o vírus que evidenciam a falta de senso comum, o que revela a necessidade de se informarem sobre as bases do patôgeno.

O vice-presidente Mike Pence foi recentemente criticado por visitar a Clínica Mayo sem usar uma máscara, uma decisão perigosa, amplamente condenada por passar uma mensagem de irresponsabilidade na saúde pública.

Durante a sua visita no dia 28 de abril, Pence recusou envergar uma máscara durante a sua visita a Rochester, no Minnesota, enquanto se reunia com o staff do hospital e um paciente, desrespeitando as leis federais e da clínica, que indicava que “todos os pacientes e visitantes devem usar uma máscara facial para ajudar a conter a propagação da Covid-19”.

A razão para o fazer foi que ele e sua equipa haviam sido testados. “Dado que não tenho o coronavírus, achei que seria uma boa oportunidade para estar aqui, para poder falar com estes pesquisadores, estes profissionais de saúde incríveis, e agradecer-lhes pessoalmente”, disse Pence na terça-feira. Não é claro, porém, em que medida o uso de máscara poderia ter afetado a visita de Pence, escreveu em tom provocatório o Washington Post.

No entanto, o que Pence não sabe é que os testes da Covid-19 podem produzir resultados incorretos, e que é possível ser portador do vírus sem disso ter consciência. O comportamento de Pence põe em perigo a saúde e o bem estar dos que estão à sua volta e encoraga outras pessoas a adotarem o mesmo comportamento egoista e irresponsável, afirmou Ken Martin, presidente do Partido Democrata-Agricultor-Trabalhista do Minnesota.

Esta não é a primeira vez que Pence faz isto. Ele se recusou a usar máscara em aparições públicas anteriores, incluindo em visitas à Academia da Força Aérea e à GE Healthcare na semana passada, segundo o portal Politico.

Além de Pence, muitos republicanos se recusaram a demonstrar bom senso e reconhecer que é necessário usar uma máscara, incluindo o presidente Donald Trump, que disse que não usaria uma máscara, apesar de cada vez mais americanos terem contraído o vírus.

Trump deve não somente saber usar uma máscara, mas também não beber desinfetante. Na semana passada, Trump sugeriu inadvertidamente que a ingestão de desinfetantes ou a exposição à luz solar poderia servir como tratamento contra o coronavírus. As afirmações imediatamente provocaram uma onda de condenação e de ridículo por parte de profissionais médicos e do público.

Embora mais tarde tenha afirmado que estava sendo sarcástico, sua sugestão irresponsável já impactou a vida daqueles que levaram suas palavras a sério. É relatado que pelo menos 100 pessoas nos EUA foram hospitalizadas após seguir o conselho de Trump, o que imediatamente estimulou médicos, legisladores e fabricantes de Lysol e Dettol a responder com avisos contra a ingestão de desinfetantes, que são altamente tóxicos.

Embora se tenha recusado a assumir a responsabilidade por seus comentários, Trump instou os americanos a recorrer ao bom senso. Bem, tudo indica que Trump é o único alheio ao reino do senso comum.

Trump sugeriu anteriormente que uma combinação do medicamento anti-malária hidroxicloroquina e azitromicina, poderia ajudar na luta contra o vírus. No entanto, o medicamento não mostrou benefícios em uma grande análise de seu uso em hospitais de veteranos dos EUA. Houve mais mortes entre aqueles que receberam hidroxicloroquina do que aqueles que foram sujeitos ao tratamento padrão, segundo a Associated Press.

Ao colocar em risco a vida dos americanos, as observações infundadas dos políticos dos EUA servem também de tentativa de distrair o fracasso do governo em responder ao coronavírus. À medida que o surto avança nos Estados Unidos, alguns políticos locais continuam acusando, sem fundamento, a OMS e a China, espalhando teorias da conspiração sobre a origem do vírus.

O secretário de Estado Mike Pompeo acusou recentemente a China de não ser transparente sobre a epidemia e renovou os pedidos para que os EUA tenham acesso aos laboratórios chineses de virologia em Wuhan, espalhando o "vírus político" da desinformação.

Essas teorias da conspiração não só contrariam o consenso internacional, mas foram desmascaradas por cientistas de todo o mundo. Um estudo publicado no mês passado na revista Nature disse que é improvável que o vírus tenha sido produzido em laboratório. Segundo a OMS, todas as evidências disponíveis indicam que o novo coronavírus se originou através de processos naturais e não foi manipulado ou produzido em laboratório.

Na luta contra essa crise de saúde global que tem consequências de vida ou morte, o bom senso é importante. Tal como disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, nesta luta global contra o coronavírus, todos precisam respeitar os fatos, respeitar a ciência, respeitar os outros e, acima de tudo, respeitar a si próprios. "Onde a ciência por enquanto não pode chegar, a humanidade chegará."

Já é tempo dos políticos dos EUA aprenderem o elementar sobre o coronavírus, pelo bem do povo americano que servem, e pelo bem da comunidade global a que pertencem.