Rio de Janeiro, 6 abr (Xinhua) -- As autoridades de saúde do estado brasileiro do Rio de Janeiro (sudeste) iniciarão uma série de estudos para a utilização da técnica de plasma de pessoas curadas no tratamento de pacientes com Covid-19 em estado grave.
Em declarações ao portal G1, o secretário regional de Saúde, Edmar Santos, assegurou que esta semana o Instituto Regional de Hematologia dará início ao procedimento, que consiste em inserir o plasma (parte do sangue que contem anticorpos) recolhido de pacientes curados através de transfusões em pacientes infectados e com o quadro grave.
A mesma técnica já foi aplicada em epidemias como a do Ebola e da H1N1 e é vista como uma nova estratégia no combate à Covid-19.
Segundo a Secretaria de Saúde, os pacientes curados da Covid-19 no Rio de Janeiro serão convocados e avaliados como doadores de plasma. Anteriormente, em associação com a Fiocruz e a Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, o Instituto Regional de Hematologia já havia estudado a mesma técnica para o vírus da dengue, com resultados satisfatórios.
"É uma alternativa terapêutica promissora que poderá dar uma nova oportunidade a muitas pessoas. Estamos empenhados em avançar nos estudos e, se os resultados vierem, será um meio a mais para salvar vidas. Quanto menos pessoas infectadas ao mesmo tempo, menos mortes. Por isso, faço um alerta para que as pessoas fiquem em casa", explicou Santos.
Segundo o secretário de Saúde, outros países, como França, Canadá, Israel e Espanha, já estão se preparando para a utilização do plasma convalescente.
O diretor do Instituto Regional de Hematologia, Luiz Amorim, assegurou que cada plasma recolhido pode fornecer tratamento para três meses. O material doado ficará na unidade e será distribuído com uma solicitação dos hospitais que tratam os casos graves de Covid-19.
"A expectativa é de que haja uma melhora na evolução do tratamento da enfermidade e uma redução na mortalidade dos pacientes que recebem a terapia, além dos riscos serem praticamente zero. Não obstante, só os resultados dos estudos determinarão se o processo é de fato eficaz", disse Amorim.
O plasma é a parte líquida do sangue, na qual estariam os anticorpos produzidos pelo organismo para combater o vírus. Esta substância, retirada dos pacientes recuperados, pode ser aplicada em alguém que tenha um quadro grave de Covid-19.
A esperança dos médicos é que ao receber um plasma com anticorpos, o enfermo tenha uma recuperação mais rápida, diminuindo o risco de mortalidade e o tempo de internação, deixando os leitos hospitalares livres para outros infectados.
O Rio de Janeiro é o segundo estado brasileiro com mais casos positivos (1.461) e mortes (71) provocadas pela Covid-19. Segundo divulgou o governo brasileiro, o vírus causou pelo menos 553 mortes e 12.056 infecções.