Recentemente, alguns políticos americanos associaram repetidamente o novo coronavírus à China, chamando-lhe até de “vírus chinês”. Esta conduta não só foi alvo de crítica pela China, mas também por cidadãos americanos conscientes.
Alguns americanos acreditam que ignorar o nome oficial da OMS, em detrimento de um nome que associa o vírus a um país, nação ou região, é estigmatizador, encorajando racismo contra os chineses e americanos de descendência asiática. A conta de Twitter do presidente americano foi, por isso, inundada por vários internautas que condenaram o uso do termo.
Todos sabem que os EUA desviaram as atenções para a China para aliviar a pressão sobre a governação do país. O governo americano tem sido acusado de medidas escassas de prevenção e a bolsa de valores do país caiu a pique. O mercado acionista registrou três quedas acentuadas no prazo de apenas 6 dias. O governo americano necessita, portanto, urgentemente, de um bode expiatório para desviar atenções.
Aquilo em que precisamos estar alerta, porém, é que no ocidente há ainda adeptos do preconceito contra a China devido à epidemia. Alguns meios de comunicação social referem-se ao novo coronavírus como “vírus de Wuhan”, “pneumonia de Wuhan” ou “vírus da China”, sendo que inclusive alguns meios de imprensa em língua chinesa no exterior cometem este erro.
Assim que o nome da doença infeciosa passa para o domínio público, é difícil emendá-lo. A China condena, por isso, veementemente esta corrente à qual os EUA querem aderir, por forma a evitar a repetição de um erro histórico, como o ocorrido com a “gripe espanhola” em 1918.
A gripe despoletada em 1918 infetou 500 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais 50 a 100 milhões morreram. Paradoxalmente, o primeiro caso de “gripe espanhola” ocorreu nos EUA, tendo sido transmitida por mercenários franceses em África. Mas devido ao fato do poder discursivo estar nas mãos de nações vitoriosas à época, como os EUA, Reino Unido e França, a Espanha acabou estigmatizada. Com a exceção de Espanha, a comunidade internacional adotou o nome de “gripe espanhola” usando-o ainda nos dias de hoje.
A epidemia do novo coronavírus foi inicialmente detetada na China, mas não existem provas científicas conclusivas de que ela tenha aparecido primeiramente na China ou que tenha originado no país.
Robert Redfield, diretor do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA, admitiu recentemente que algumas mortes ocorridas por “gripe” poderiam, de fato, dever-se à infeção pelo novo coronavírus. É pertinente afirmar que sinais da atual pandemia foram detetados nos EUA em setembro do ano passado.
Na verdade, em termos de doenças contagiosas, a sua origem não é relevante. O nome de doenças infeciosas deve evitar propagar estigmas na comunidade internacional, tal se trata de senso comum.
A China comunicou aos EUA através de canais diplomáticos que qualquer tentativa de descredibilizar a China não irá triunfar, e que qualquer ação que comprometa os interesses da China será alvo de retaliação.
A luta contra a “teoria do vírus da China” é, na verdade, uma luta pelo direito de ser ouvido internacionalmente. Além de retaliar na frente diplomática, os cientistas chineses podem oferecer informações científicas para o reastreamento e outros aspetos sobre o vírus. A nossa imprensa pode reforçar a cobertura relevante sobre a doença e comunicar ao mundo a verdade sobre ela.
Enquanto chineses devemos também abolir hábitos prejudiciais, como o consumo de animais selvagens, contribuindo, não só para a nossa saúde, mas também para evitar sermos alvos de rotulagem pelo resto do mundo.
Um século depois da “gripe espanhola”, a China não permitirá que o mesmo erro histórico seja cometido.