Brasília, 18 mar (Xinhua) -- O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse nesta quarta-feira em entrevista à imprensa na companhia de seus principais ministros no Palácio do Planalto que "teremos dias duros, dias difíceis" na luta contra o novo coronavírus e que "o momento é de grande preocupação, de gravidade", mas não se pode permitir que chegue ao nível de pânico.
"O problema está batendo em nossa porta, teremos dias duros, dias difíceis. Serão menos difíceis se vocês se preocuparem com seus parentes e amigos. Em primeiro lugar, com medidas básicas de higiene, podemos achatar a curva da epidemia para que possamos atender com qualidade aos que necessitam. Podemos atenuar muito com as medidas que sejam tomadas por vocês e nós", afirmou.
Bolsonaro agradeceu aos líderes dos três poderes, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do Senado, Davi Alcolumbre, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Antonio Dias Toffoli, pelo compromisso "para enfrentar esse grave problema que se aproxima"
Nesta quarta-feira, o governo pediu oficialmente ao Congresso que reconheça a situação de calamidade pública no Brasil devido à epidemia do coronavírus.
Na primeira entrevista de imprensa conjunta para falar da crise da Covid-19, Bolsonaro e seus colaboradores usaram máscaras, devido a que três ministros deram positivo para o novo coronavírus.
Além do secretário de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, primeira pessoa que integrou a comitiva presidencial que viajou a Florida, Estados Unidos, entre 7 e 10 de março a confirmar o contágio na semana passada, hoje foram anunciadas a contaminação do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e o chefe de Gabinete da Segurança Institucional, general Augusto Heleno,
Albuquerque e Heleno tinham feito um primeiro teste, que deu negativo, mas como todos que estavam na comitiva seguiram o protocolo médico que estabelece novos exames durante o período de incubação do vírus.
Bolsonaro se submeteu a exames na quinta-feira e outro nesta terça-feira, ambos negativos, segundo anunciou o próprio presidente.
Em pronunciamento antes de abrir para perguntas, Bolsonaro voltou a se defender das críticas por ter participado e entrado em contato com pessoas na manifestação pró-governo realizada em Brasília.
"Estive ao lado das pessoas sabendo dos riscos que corria. Nunca abandonarei o povo brasileiro, ao qual devo absoluta lealdade. É por isso que uma grande parte dos meios de comunicação deu grande destaque ao evento, que não convoquei, foi um ato espontâneo da população", afirmou.
"Já tivemos problemas mais grave no passado. O coronavírus é uma questão grave, mas não podemos entrar no campo da histeria ou da comoção nacional. Tudo o que fiz foi para levar tranquilidade ao povo brasileiro", acrescentou.
Todas as autoridades presentes na entrevista explicaram as principais medidas em cada área, incluindo a produção de kits para exames de coronavírus, ajuda social para os mais pobres e trabalhadores informais, linhas de crédito para pessoas físicas e empresas e diversas medidas de apoio à luta contra a disseminação da doença.
"A saúde dos brasileiros e a defesa do emprego está acima de qualquer outro interesse", disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, reiterando as palavras do presidente.