A atriz Ruth de Souza faleceu no domingo, aos 98 anos. A atriz estava internada há 3 três dias no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Copa D´Or, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. O velório será nesta segunda no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e será aberto ao público.
Nascida em 12 de maio de 1921, a atriz com mais de 70 anos de carreira era conhecida como dona Ruth, ou Ruthinha. Dona Ruth dedicou sua vida ao teatro, TV e cinema e é conhecida como “a primeira dama negra no teatro, cinema e televisão”.
Ruthinha, em 8 de maio de 1945, como integrante do TEN (Teatro Experimental Negro), foi a primeira negra a estrear no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no espetáculo “O imperador Jones” (“The Imperator Jones”), do dramaturgo americano Eugene O’Neill (1888-1953).
Ruth de Souza, já em 1947 recebeu prêmio como atriz revelação do ano, após sua participação em “O Filho Pródigo”, de Lúcio Cardoso (1912-1968).
Foi a primeira atriz brasileira a receber indicação ao prêmio de melhor atriz em um festival internacional, o Festival de Veneza, em 1954. Foi também a primeira negra a se tornar protagonista em uma novela da emissora de TV Rede Globo, em “A Cabana do Pai Tomás”, exibida em 1969.
Dona Ruth foi contratada da TV Globo por mais de 50 anos, tendo atuado em mais de 30 novelas da emissora, como “O Bem-Amado” (1973), “Helena” (1975), “Sinhá Moça” -primeira e segunda versões (1986 e 2006), “Memorial de Maria Moura” (1994) e O Clone (2011)
Também atuou em mais de 30 filmes, tendo estreado em 1948 em “Terra violenta”, uma adaptação de seu romance “Terras do Sem Fim”. O filme foi dirigido por Tom Payne, sob a indicação de Jorge Amado.
A atriz, aos 50 anos de carreira, se dizia sortuda, visto que em todos esses anos nunca parou. Sempre teve trabalho, embora tenha lembrado que são poucos os negros que desfrutam deste privilégio. E creditou sua sorte como sendo “benção de Deus”.
A paixão pelo cinema surgiu na infância, depois de assistir ao filme. Desde então trabalhar no cinema passou a ser o seu maior propósito de vida.
Ruthinha despertou a paixão pelo cinema com o filme ““Tarzan, o Filho da Selva” (1932)”, e em 2014 afirmou que muitos riram dela quando demostrava seu desejo em seguir a carreira de atriz, em uma exibição do programa “Damas da TV” exibida pelo canal pago Globonews.
Ruth de Souza foi homenageada em 2016, na mostra “Pérola Negra”, que ficou em cartaz no CCBB de Brasília e de São Paulo. A mostra exibiu 25 dos seus trabalhos mais marcantes.
Neste ano, foi homenageada com um enredo da escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz, no desfile da Série A do Carnaval do Rio. Na ocasião do desfile a atriz afirmou ao jornal O DIA que havia se preparado como se fosse estrear uma peça de teatro.
Seu último trabalho na TV Globo foi na minissérie "Se Eu Fechar os Olhos Agora", também em 2019.
Ruth de Souza conciliou a vida de atriz entre cinema, teatro e televisão, e em entrevistas sempre afirmou ter brigado para conseguir bons papéis nesses mais de 70 anos de carreira.
A atriz ainda creditou com gratidão os autores Janete Clair (1925-1983) e Dias Gomes (1922-1999) que possibilitaram que ela representasse personagens de maior relevância na TV.