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China e Brasil: avançar com confiança

Fonte: Diário do Povo Online    26.07.2019 09h43

Por José Medeiros da Silva e Rafael Gonçalves de Lima

O presidente chinês Xi Jinping recebeu o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, no dia 25 de maio

Inquietudes são compreensíveis, principalmente quando estamos diante de profundas mudanças. No entanto, no caso das relações sino-brasileiras, as inquietudes geradas pela eleição de Jair Messias Bolsonaro não mais se justificam. Desde sua posse, o dinamismo econômico entre os dois países continua a fluir normalmente e algumas sinalizações emitidas pelo novo presidente brasileiro deixam muito claro que essas relações não apenas se fortalecem, mas tendem a avançar de forma bastante sólida.

Do lado brasileiro, as constantes declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a importância dessas relações têm sido acompanhadas por algumas atitudes concretas muito positivas.

Primeiro, merece destaque a vinda do vice-presidente Hamilton Mourão à China, entre os dias 19 e 24 de maio deste ano, cujo ponto alto foi o encontro com o presidente Xi Jinping e a reativação da Reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), o principal mecanismo de coordenação da relação bilateral entre os dois países.

Segundo, foi muito significativo o apoio do Brasil ao candidato chinês Qu Dongyu, eleito no último dia 23 de junho diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o que favorecerá ainda mais o setor do agronegócio brasileiro.

Não menos importante, foi a Reunião informal de líderes do BRICS à margem da Cúpula do G20, realizada no dia 28 de junho, em Osaka, no Japão. Apesar de não se tratar especificamente das relações sino-brasileiras, é bom termos a consciência de que o BRICS tem sido um importante mecanismo para o fortalecimento dessas relações.

E se na primeira metade de 2019 os acontecimentos acima mencionados serviram para confirmar que essas relações não enfrentarão nenhuma mudança brusca, nessa segunda metade do ano os horizontes são ainda mais promissores. Aliás, neste 25 de julho, acabou de ocorrer em Brasília, a III Reunião do Diálogo Estratégico Global (DEG) Brasil-China, copresidida pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Ernesto Araújo, e pelo Conselheiro de Estado e Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi. Estabelecido em 2012, esse é mais um importante mecanismo de interação e fortalecimento das relações entre os dois países.

Também nesse segundo semestre, está prevista a vinda do presidente brasileiro à China, em outubro e, em novembro, teremos no Brasil a 11ª Cúpula do BRICS, que provavelmente contará com a presença do presidente da China. Esses encontros serão de grande relevância para reafirmar a opção dos dois países por uma relação respeitosa e focada na busca de interesses convergentes que favoreçam o desenvolvimento dos dois países e beneficiem cada vez mais os nossos povos.

No próximo dia 15 de agosto, o Brasil e a República Popular da China vão completar 45 anos do estabelecimento das suas relações diplomáticas. Não poderia existir um presente melhor para essas comemorações que a certeza de que os nossos países podem avançar com confiança no fortalecimento dessas relações.

- José Medeiros da Silva é doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo e professor na Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang, na China.

- Rafael Gonçalves de Lima é mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Jilin, na China. 

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