Sob o slogan "Esportes sem limites, inúmeras maravilhas", os Jogos Mundiais 2025 chegaram ao fim neste domingo após 12 dias de competições marcadas pela inclusão e pela inovação.
"Ao longo desses dias inesquecíveis, Chengdu não apenas recebeu o mundo, mas também fez com que o mundo se sentisse em casa", disse José Perurena, presidente da Associação Internacional dos Jogos Mundiais (IWGA, sigla em inglês), na cerimônia de encerramento.
"Com hospitalidade calorosa, eficiência notável e organização impecável, esta cidade estabeleceu novos padrões para o futuro. Obrigado, Chengdu. Você fez história!"
ALCANÇANDO MOMENTOS RECORDES
Com os Jogos Mundiais realizados pela primeira vez na parte continental da China, o país esteve presente com sua maior delegação, de 489 membros, incluindo 321 atletas em 28 esportes. A equipe inovou ao estrear 12 modalidades, como floorball e motonáutica, além de integrar paratletas pela primeira vez.
Quase 4 mil atletas de mais de 110 países e regiões competiram em 34 esportes, 60 modalidades e 256 eventos nos maiores e mais inclusivos Jogos Mundiais da história. Atletas de um recorde de 83 países e regiões subiram ao pódio, o maior número na história do evento.
A China liderou o quadro de medalhas com 36 medalhas de ouro, 17 de prata e 11 de bronze, seguida pela Alemanha, com 17-14-14, e pela Ucrânia, com 16-14-14. Delegações como Armênia, Aruba, Namíbia, Bermudas e Montenegro celebraram suas primeiras medalhas dos Jogos Mundiais.
"Estou muito feliz. Sabia que não seria fácil e ganhar o ouro significa muito para mim e meu país", disse Marcel Gbetable, do Benin, que venceu no tiro de precisão na petanca masculina nos esportes de boules (ou bolas). "Quero agradecer ao meu treinador, à federação, aos organizadores e a todos que contribuíram - tudo foi perfeito e estou orgulhoso de trazer ao Benin sua primeira medalha de ouro nos Jogos Mundiais".
Os Jogos deste ano também deram grande visibilidade ao flag football, ao lacrosse e ao squash, antes de suas estreias olímpicas em Los Angeles 2028. A corrida de barco do dragão, o para-jujitsu e as modalidades de escalada rápida em quatro pistas e revezamento estrearam nos Jogos, destacando o foco do evento na evolução e na inclusão.
CONSTRUINDO UM FUTURO MAIS VERDE
A sustentabilidade guiou as operações, com todas as 27 instalações aderindo aos protocolos de "renovar ou reutilizar". O Ginásio Chengbei, de 52 anos, que sediou batalhas de breaking sob luzes renovadas para poupar energia, passou por atualizações ecológicas e se tornou um símbolo de frugalidade.
"Usamos renovações de 'microcirurgia'. Sem mudanças desnecessárias", disse Zhao Yu, vice-diretora da instalação, observando que as luzes para poupar energia e o concreto permeável reduziram a absorção de calor e diminuíram as emissões de carbono.
A instalação sediará a Copa do Mundo e o Aberto Mundial da Federação Mundial de Esporte de Dança em setembro, antes de se tornar um centro esportivo público acessível.
"O local se transformará em uma base de treinamento de esporte de dança, onde os cidadãos poderão acessar instalações profissionais por apenas algumas dezenas de yuans", disse Li Yuanyuan, chefe de competição do local. "O público também poderá usar os equipamentos esportivos para exercícios diários, como badminton e tênis de mesa."
"Costumávamos assistir a shows aqui na década de 1980, mas depois o local se tornou um mercado de eletrônicos. Agora ele renasceu", lembrou a moradora Zhou Yan.
Estruturas temporárias da Copa do Mundo de Equipes Mistas da ITTF 2024 foram reaproveitadas para kickboxing e muay thai, reduzindo a necessidade de novas construções. Enquanto isso, 15 locais ao ar livre foram integrados a parques e cursos d'água, minimizando o impacto ambiental.
"Adoro competir aqui. A água é límpida, o ambiente é bonito e a organização é excelente", disse Peng Chun, atleta chinesa de barco do dragão.
IMPULSIONANDO EXPERIÊNCIAS INOVADORAS
Os Jogos também apresentaram novas tecnologias para melhorar a experiência dos atletas e dos espectadores.
"Pela primeira vez em nossa história, lançamos uma plataforma de transmissão dedicada, a World Games Live, oferecendo cobertura ao vivo e sob demanda dos eventos", disse Perurena. "Isso leva os Jogos Mundiais a mais pessoas e mais lugares do que nunca."
Tom Dielen, vice-presidente da IWGA, ecoou os elogios, chamando a 12ª edição de "uma expansão emocionante para um novo território".
"A China estabeleceu padrões incrivelmente altos na organização de eventos multiesportivos globais", afirmou Dielen. "A infraestrutura de nível olímpico, o primeiro revezamento da tocha dos Jogos Mundiais e o alcance da World Games Live são sinais fortes dos compromissos do comitê organizador em elevar o perfil global do evento."
Na Vila dos Jogos Mundiais, óculos inteligentes forneciam tradução em tempo real em 40 idiomas, cães robóticos transportavam bagagens e limpadores autônomos mantinham a qualidade da água nas instalações aquáticas.
Entre as competições, a corrida de drones se destacou como o espetáculo mais rápido, com atletas pilotando drones a 160 km/h através de óculos FPV. Grande parte dos equipamentos foi produzida na China, refletindo a proeminência do país no setor de drones.
"Os atletas chineses tiveram um desempenho ótimo no último Campeonato Mundial - incrível. Eles são competidores inteligentes com um alto nível de habilidade. A China é um país líder no setor de drones, e é difícil para outros países se igualarem", disse Bruno Delor, presidente do subcomitê de corridas de drones da Federação Mundial de Esportes Aéreos.
O squash também chamou a atenção com quatro quadras de vidro azul, uma inovação pioneira dos fabricantes chineses. A presidente da Federação Mundial de Squash, Zena Wooldridge, considerou o desenvolvimento um passo importante para tornar o esporte mais acessível.
"A instalação é excelente, com quadras de alta qualidade", enfatizou Wooldridge. "A organização tem sido excelente, como já esperávamos da China. Os jogadores estão voltando para casa com lembranças maravilhosas de Chengdu."
"Venho à China desde a década de 1980 e vi mudanças tremendas", disse Patrick Van Campenhout, vice-presidente da Federação Internacional de Wushu. "Muitas coisas agora podem ser feitas por meio da tecnologia, como sistemas digitais e robótica. Essas inovações elevaram nossas competições a um alto nível, tornando-as convenientes e seguras."
PROMOVENDO AMIZADE E INTERCÂMBIO CULTURAL
Além das medalhas, os Jogos promoveram a amizade e o intercâmbio cultural. Durante as finais masculinas de parkour estilo livre, o competidor italiano Andrea Consolini gritou palavras de incentivo aos colegas atletas.
"Vamos lá, mano! Vai!", disse ele, descrevendo o evento como uma reunião de uma comunidade global. "Treinamos juntos quando podemos e conversamos frequentemente no Instagram ou WhatsApp."
O freerunner chinês Fu Sida ecoou o sentimento, enquanto o medalhista de bronze americano Shea Rudolph acrescentou que "todos aqui fazem parte da comunidade do parkour. Somos muito próximos - essa é uma das melhores coisas deste esporte".
O atleta holandês de cabo de guerra Vincent Wagenmans viveu seu próprio momento de camaradagem quando uma mensagem com os dizeres "Feliz Aniversário" apareceu de repente na tela gigante durante a competição, a equipe chamou seu nome e toda a multidão cantou um parabéns a você. "Completamente inesperado!", disse Wagenmans.
A 13ª edição dos Jogos Mundiais está programada para acontecer em Karlsruhe, na Alemanha, em 2029, marcando a segunda vez que a cidade sedia o evento, depois de 1989.