As principais lideranças do Congresso e do governo de Luiz Inácio Lula da Silva expressaram sua unidade nesta quarta-feira em defesa da soberania brasileira em reação ao aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Os presidentes do Senado Federal, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, se reuniram na manhã de quarta-feira com o vice-presidente da República e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, e a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
Alcolumbre e Motta colocaram o Congresso Nacional à disposição do governo e afirmaram que a resposta deve ser liderada pelo Poder Executivo.
"Estamos unidos e comprometidos em defender os interesses do Brasil por meio do diálogo e da negociação. Agradeço a confiança do presidente Lula e aos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Hugo Motta, pelo trabalho conjunto", afirmou Alckmin.
Alckmin, que lidera as conversas com o empresariado sobre o aumento de tarifas imposto pelos EUA, afirmou que a medida americana é "totalmente inadequada e injusta".
Ele observou que a balança comercial entre Brasil e Estados Unidos é favorável aos americanos e que, dos 10 produtos que os EUA mais exportam para o Brasil, oito não são taxados. Segundo ele, a tarifa média de importação aplicada pelo Brasil é de 2,7%.
Alcolumbre afirmou que houve um ataque ao Brasil e afirmou que o Legislativo está comprometido com a defesa da soberania nacional, dos empregos e dos empresários. O senador também elogiou o presidente Lula por empoderar Alckmin nesse processo.
"Vejo este momento como um ataque ao Brasil e aos brasileiros; isso não está certo. E precisamos ser firmes, resilientes e lidar com essa reação com serenidade. Precisamos buscar fortalecer laços e fazer acontecer em defesa dos brasileiros", enfatizou.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, enfatizou que o Congresso já aprovou a Lei de Reciprocidade para "garantir a proteção das empresas" e ressaltou que a Casa está pronta para atuar com "rapidez e agilidade" em apoio ao Poder Executivo.
"Não tenho dúvidas de que hoje nossa população entende que o Brasil não pode ser levado a situações em que decisões externas interfiram em nossa soberania. Não temos dúvidas de que, com união, comprometimento e responsabilidade, superaremos este momento", afirmou.
Além do aumento de tarifas anunciado por Trump na semana passada, o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, anunciou na terça-feira a abertura de uma investigação sobre as práticas comerciais supostamente "desleais" do Brasil.
Greer afirmou que a investigação determinará se o tratamento do país sul-americano ao comércio digital e aos serviços de pagamento eletrônico, além das taxas preferenciais em certos setores, é "imprudente ou discriminatório, e se prejudica ou restringe" o comércio dos EUA.