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Negociadores do BRICS iniciam rodada final de discussões antes da Cúpula de Líderes

Fonte: Xinhua    01.07.2025 13h23

Nesta segunda-feira, negociadores políticos (Sherpas) dos países-membros do BRICS iniciaram no Rio de Janeiro sua terceira e última rodada de discussões técnicas antes da Cúpula de Líderes, que será realizada nos dias 6 e 7 de julho.

O encontro, liderado pelo sherpa brasileiro Mauricio Lyrio, durará até 4 de julho e servirá para delinear os eixos que nortearão os chefes de Estado e de governo na próxima semana.

Desta vez, os três temas centrais são saúde, inteligência artificial e mudanças climáticas. Lyrio, que também atua como secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, enfatizou que "a diplomacia, por meio da cooperação internacional, facilita o acesso a recursos e tecnologias nos países do BRICS, como vacinas, e oferece benefícios concretos para as pessoas".

Em sua visão, a inteligência artificial pode se tornar uma aliada no enfrentamento dos desafios globais, incluindo a emergência climática e a resposta à saúde, objetivos que a política externa brasileira busca "traduzir em resultados tangíveis para a vida cotidiana".

Em relação à saúde, os ministros do BRICS aprovaram uma declaração neste mês recomendando a criação de uma "Parceria para Eliminar Doenças Socialmente Determinadas".

O documento propõe ampliar a cooperação em vacinas e transformar a aliança de países do Sul Global em um catalisador para ações integradas e multissetoriais voltadas à redução das desigualdades, em linha com a Organização Mundial da Saúde, que identifica fatores como fome, pobreza e acesso precário à moradia como determinantes vitais da saúde.

Em relação à inteligência artificial, a presidência brasileira está promovendo o desenvolvimento de uma estrutura de governança internacional que garanta o uso ético da tecnologia, visando à solução de problemas como pobreza, déficits educacionais, mudanças climáticas e doenças. Em sua recente reunião, os ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação do BRICS concordaram com a necessidade de ampliar o acesso dos países do Sul Global à infraestrutura tecnológica e aos idiomas, e de fortalecer a cooperação para o desenvolvimento de ferramentas baseadas em inteligência artificial.

Na frente climática, representantes seniores do BRICS assinaram um compromisso sem precedentes, que define maneiras de financiar ações de mitigação e adaptação em países em desenvolvimento.

Os principais pontos incluem a reforma dos bancos multilaterais, a expansão do financiamento concessional e a mobilização de capital privado para garantir fluxos para países com necessidade urgente de recursos. Ao mesmo tempo, os ministros do Meio Ambiente aprovaram uma declaração que destaca o "multilateralismo ambiental" e a necessidade de uma governança global equilibrada e inclusiva para proteger os ecossistemas.

As duas reuniões Sherpa anteriores lançaram as bases para a agenda. A primeira, realizada em fevereiro em Brasília, endossou os temas propostos pelo Brasil e abordou a revisão do Plano Estratégico de Obstetrícia na Esfera Econômica, um plano quinquenal que o país anfitrião busca renovar.

Em abril, já no Rio de Janeiro, o segundo turno incorporou pela primeira vez representantes da sociedade civil, passo considerado decisivo para refletir as demandas sociais no processo decisório. Ali, ficou acertado que o Novo Banco de Desenvolvimento seria o principal agente financiador da industrialização do Sul Global.

Com a terceira reunião em andamento, os negociadores estão aprimorando documentos e compromissos que os líderes devem endossar em menos de uma semana. O Brasil, que ocupa a presidência do BRICS em 2025, espera que os acordos resultantes promovam uma cooperação mais "objetiva" e abordem de forma eficaz os desafios do desenvolvimento sustentável compartilhados pelas economias emergentes.

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