Português>>China

Wu Tianyi, “guardião da vida” no planalto Qinghai-Tibete

Fonte: Diário do Povo Online    15.07.2021 10h32

Por Du Yifei, Diário do Povo

Wu Tianyi, de 86 anos, é membro da Academia Chinesa de Engenharia e ex-pesquisador do Hospital Especializado em Doenças Cardiovasculares e Cerebrovasculares da província de Qinghai.

Como pioneiro da fisiologia da hipóxia chinesa e da medicina de alta altitude, Wu trabalhou em planaltos por mais de seis décadas. Ele estabeleceu padrões internacionais sobre a prevenção e o tratamento de complicações derivadas da altitude, iniciou estudos sobre a adaptação às grandes altitudes em tibetanos e diagnosticou e tratou mais de 10.000 pacientes tibetanos. Ele é apelidado de "médico a cavalo" pelos residentes locais.

Em resposta ao apelo da nação para construir o planalto Qinghai-Tibete, Wu foi trabalhar na província de Qinghai, no noroeste, em 1958, onde assistiu a muitos construtores adoecerem e até sacrificarem suas vidas devido à anóxia e à baixa pressão. Naquela época, a medicina de alta altitude ainda era uma área na qual ninguém na China jamais havia estudado, então ele decidiu dedicar a carreira a esta área em específico.

Para descobrir a causa dos problemas associados à altitude e adquirir informações mais confiáveis, Wu fez viagens de campo a lugares remotos. Naquela época, a infraestrutura de transporte ainda era ruim no planalto, por isso ele e seus colegas tinham de recorrer a cavalos e iaques para carregar instrumentos e dispositivos.

Lutando contra o estresse da altitude, Wu dormia em barracas improvisadas e se alimentava de pão congelado e neve derretida. Durante as últimas décadas, percorreu a maioria das áreas de alta altitude nas províncias de Qinghai, Gansu e Sichuan, bem como as regiões autônomas do Tibete e Xinjiang. Ele coletou milhões de dados científicos, estabelecendo uma base sólida para o estudo da medicina de alta altitude.

Ao invés dos estudos médicos gerais, a medicina de alta altitude coloca os pesquisadores em ambientes naturais mais hostis. Wu teve 14 fraturas ósseas durante sua atividade profissional. Uma vez, quatro de suas costelas foram quebradas, com uma delas quase perfurando seu coração. No entanto, ele se limitou a dizer que a dedicação é importante para todos que estudam medicina de alta altitude.

No início da década de 1990, Wu projetou a maior câmara hipobárica-hiperbárica abrangente da China, a qual tinha a capacidade de simular uma pressão de 12.000 metros acima do nível do mar e 30 metros abaixo dele. O dispositivo desempenhou um papel vital no estudo da medicina de alta altitude.

Depois de levar a cabo experimentos com animais, Wu se ofereceu para ser o primeiro humano a entrar na câmara, correndo altos riscos. "Eu a projetei e devo ser o primeiro a experimentar", disse. Devido à falta de experiência operacional, o operador da câmara descomprimiu demasiado rápido, o que causou uma forte dor de cabeça de Wu e a rutura de um tímpano. Mesmo assim, Wu continuou o experimento depois que seu tímpano foi recuperado, mas sua capacidade auditiva foi muito afetada.

Mais tarde, os resultados de seu experimento foram massivamente aplicados. Durante a construção da ferrovia Qinghai-Tibet, que apresenta a maior elevação do mundo, Wu fez vários planos de prevenção e tratamento para o problema da altitude, dado que os construtores devem manter uma alta intensidade de trabalho a uma altitude de mais de 4.500 metros. Sob sua sugestão, 17 estações de geração de oxigênio e 25 câmaras hiperbáricas foram construídas ao longo da rota de construção, que resgatou com sucesso quase todos os que foram atingidos por doenças agudas de altitude, incluindo encefaledema e pneumonedema. Nenhuma morte foi causada pelo mal da altitude entre os 140.000 construtores de ferrovias, o que foi um milagre e rendeu a Wu o título de "guardião da vida". 

0 comentários

  • Usuário:
  • Comentar: