Vacinas da China se adaptam melhor à África e América Latina, devido a "custos mais baixos, logística mais fácil"

Fonte: Diário do Povo Online    02.12.2020 10h17

Os países africanos e alguns latino-americanos deverão recorrer às vacinas desenvolvidas na China, devido aos seus custos competitivos e logística mais fácil para conter a crise da epidemia, disseram analistas associados aos serviços de transporte de vacinas e medicamentos.

Os especialistas disseram que o apelo das vacinas chinesas para os países em desenvolvimento é óbvio, considerando os desafios que os países destinatários enfrentam na importação de vacinas ocidentais de mRNA, como calor tropical, distância e escassez de congeladores exigidos pelos produtores americanos.

Embora o Ocidente veja desvantagens nas vacinas da China, analistas médicos sugerem que as vacinas chinesas são favorecidas para inoculação em massa na África, já que as vacinas inativadas desenvolvidas na China podem ser fornecidas por refrigeradores fora da rede, afirma Chen Yong, gerente da Lengwang Technology Co., que fornece soluções de refrigeração à logística tradicional de produtos médicos, disse na terça-feira.

Pelo contrário, as vacinas da Pfizer e Moderna dependem da tecnologia de mRNA, que necessita de armazenamento em torno de 70 graus Celsius negativos e 20 graus negativos, respetivamente. Tal exigência representa um desafio para os países africanos e latino-americanos, onde a infraestrutura de eletricidade não pode suportar o congelamento durante o transporte, disse Chen.

Quanto ao preço, um congelador de alta qualidade pode custar até 100.000 yuans (US $ 15.215), enquanto uma geladeira comum da China pode custar milhares de yuans, dependendo do tamanho e do tempo de armazenamento, disse Chen.

"É muito difícil para os veículos manterem temperaturas tão baixas o tempo todo, e isso afetará a qualidade da vacina, especialmente em comunidades rurais ou ilhas remotas", segundo um especialista em vacinas de Beijing que pediu anonimato ao jornal Global Times na terça-feira.

As vacinas da China têm sido submetidas a testes clínicos de Fase III em vários países da América Latina e da África, incluindo Brasil, Peru e Marrocos.

O Instituto Butantan, parceiro brasileiro em testes clínicos em estágio avançado da vacina inativada CoronaVac da China, disse ao Diário do Povo na terça-feira que os resultados da Fase III sairão na primeira semana de dezembro, e que pelo menos 74 voluntários foram infetados com placebo em ensaios controlados, um número superior ao mínimo exigido para o estágio.

Um dos principais produtores da China, a Sinopharm, recebeu pedidos de mais de 100 países até agora, muitos dos quais da África, sendo que a empresa está ainda discutindo futuras cooperações, disse Xu Xin, diretor do Instituto de Produtos Biológicos de Beijing da Sinopharm.

A Moderna se candidatou na segunda-feira à Food and Drug Administration dos EUA para autorizar sua vacina para uso de emergência e, se aprovada, a vacinação para os americanos poderá começar já em 21 de dezembro.

Os especialistas sugeriram que as vacinas desenvolvidas na China, embora com progresso promissor, têm sido menos favorecidas pelos mercados ocidentais.

"Os países ocidentais dependem de fornecedores de vacinas dos EUA e do Reino Unido, que podem satisfazer a maioria de suas necessidades", disse Tao Lina, especialista em vacinas de Shanghai, ao Global Times. "As vacinas desenvolvidas na China são rejeitadas pelo mercado ocidental devido à falta de confiança e familiaridade do Ocidente com as vacinas chinesas e seus padrões de aprovação."

Mas Tao argumentou que a China conseguirá mais apoio e confiança de outras partes do mundo no caso da sua vacina garantir a eficiência prevista, especialmente depois que as vacinas desenvolvidas na China obtiveram o endosso da OMS, ao se juntarem à COVAX.

(Web editor: Renato Lu, 符园园)

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