Tentar impor exclusão da China da escolha dos parceiros econômicos de Portugal é uma ingerência inaceitável, diz acadêmico português

Fonte: Xinhua    15.10.2020 09h41

Nós consideramos lamentável a ameaça do Embaixador dos EUA a Portugal segundo a qual o nosso país terá de escolher entre os Estados Unidos e a China, declarou o acadêmico português Rui Lourido em uma nota recente.

Tentar impor a exclusão da China da escolha dos parceiros econômicos de Portugal é uma ingerência inaceitável. Mais inadmissível ainda que seja um aliado nosso a fazer-nos ultimatos, aberta e publicamente, de acordo com a declaração online do presidente da Direção do Observatório da China, um think tank português.

Segundo Lourido, as observações do embaixador dos EUA em Portugal apresentaram desprezo pela história do relacionamento de Portugal com a China, que já dura mais de cinco séculos. Em dezembro de 2018, o presidente chinês, Xi Jinping, fez com sucesso uma visita de Estado a Portugal. O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, realizou em abril e maio de 2019 uma visita de Estado à China, onde os dois líderes chegaram a um consenso sobre o aprofundamento das relações bilaterais.

Reafirmando a aliança de Portugal com os EUA e a União Europeia, as autoridades portuguesas têm trilhado um caminho caracterizado por uma certa neutralidade, de forma a proteger os interesses nacionais quer públicos quer privados, disse Lourido.

Ele revelou que muitas empresas fizeram grandes investimentos em tecnologia chinesa do 4G e preparam-se para o 5G, pois a China é o país mais avançado nesse campo e oferece os preços mais concorrenciais.

O mesmo se passa em muitos outros setores, com maior número em registo de patentes, designadamente nas energias renováveis e na luta contra as alterações climáticas, afirmou o acadêmico português, acrescentando as conquistas reconhecidas mundialmente em educação e redução da pobreza, bem como as contribuições importantes na promoção do processo de globalização, na defesa do multilateralismo e na resolução de conflitos internacionais por meio do diálogo.

Segundo Lourido, se o problema é o investimento chinês em Portugal, é uma pena que os EUA tenham desinvestido no tempo da troika quando mais era necessário (abandonaram a Base das Lages nos Açores). Os Estados Unidos não querem concorrer em igualdade de circunstâncias como todos os outros parceiros, mas em situação de vantagem ilegítima nas licitações internacionais para adjudicação de obras públicas em Portugal.

Quanto ao investimento chinês, o modelo de ação da China no estrangeiro não pretende impor, reproduzir ou convencer os outros povos a imitarem o sistema de organização política ou religiosa chinesa, apontou Lourido.

A China afirma sua obediência aos princípios da Carta da Organização das Nações Unidas e foi a única durante a grave Crise da Troika a investir, onde e na forma desenhada e com o aval do governo português, enfatizou o acadêmico.

Lourido sublinhou que os EUA declaram se preocupar com a segurança do 5G da China, mas ainda não foram capazes de apresentar provas de comportamento incorreto da Huawei. Na verdade, o que se sabe é que algumas empresas tecnológicas dos EUA (a Google, a Facebook, entre outras, que enviam dados dos clientes, como norma, para o Departamento de Defesa dos EUA) e algumas das agências federais norte-americanas, indevidamente, se especializaram em espionar sistematicamente as conversas telefônicas privadas, não só da população em geral (selecionadas por algoritmos especiais), mas inclusive dos líderes mundiais, como das autoridades alemãs (Merkel), francesas (Macron) entre muitas outras. Os EUA exercem de forma sistemática espionagem econômica (para as empresas dos EUA ganharem vantagem em licitações internacionais, nomeadamente europeias), acrescentou.

Ele também ressaltou a questão da mentira como precedente de intoxicação da opinião pública como forma de obter vantagem indevida na ação do governo dos EUA, como se passa atualmente com a COVID-19.

Portugal necessita urgentemente melhor concretizar a sua interligação com outros países e regiões da Europa e do mundo, através da construção do novo terminal de Sines. A parte portuguesa espera que as empresas mais qualificadas consigam ganhar a licitação para este projeto, de forma a melhorar a ligação entre a Península Ibérica, a Europa, as Américas, a África com a Ásia, em especial a promissora Iniciativa do Cinturão e Rota, apontou Lourido.

Observando que a atual crise mais afeta a Europa e os EUA, o acadêmico português destacou que a diversificação da origem dos investimentos em Portugal também é fundamental.

A economia chinesa já começou a se recuperar e a China será um dos principais motores do desenvolvimento da economia mundial e o que mais contribuirá para que o PIB per capita mundial não estagne, acrescentou.

(Web editor: Fátima Fu, editor)

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