Combater a pobreza com precisão, uma grande contribuição da China à Humanidade

Fonte: Diário do Povo Online    15.10.2020 08h53

Por José Medeiros

A questão da extrema pobreza é sem dúvida um dos problemas mais antigo, mais inquietante e mais doloroso da humanidade. Por isso mesmo, a política de combate a pobreza com precisão, elaborada e conduzida pelo presidente Xi Jinping, é dos maiores feitos da China em todos os tempos e uma grande contribuição para os povos. Essa conquista, além de beneficiar o povo chinês, serve também de inspiração para os diversos povos do mundo, principalmente por seu aspecto conceitual inovador e a sua viabilidade prática. Além do mais, a China dá o exemplo de que quando há realmente determinação para enfrentar grandes desafios e se mobiliza adequadamente pessoas e recursos grandes feitos podem ser realizados.

Essa conquista da China pode ser melhor dimensionada se considerarmos que mesmo possuindo uma população de 1,4 bilhão, o país conseguiu realizar com 10 anos de antecedência duas das tarefas mais importantes estabelecidas para 2030 pela Organização das Nações Unidas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Observe-se que dos 17 objetivos propostos pela ONU, a erradicação da pobreza e da fome estão justamente entre os dois primeiros.

A política de reforma e abertura iniciada nos finais dos anos 70 abriu um novo capítulo na história da China. Nessas últimas quatro décadas de crescimento econômico, mais de 800 milhões de chineses saíram da pobreza. Para termos uma melhor ideia do que representa esse número basta lembrarmos que atualmente toda a população dos 12 países que formam a América do Sul é de pouco mais 400 milhões.

O 18º Congresso do Partido Comunista da China realizado em novembro de 2012, que elegeu Xi Jinping para Secretário-Geral do Partido, fez questão de enfatizar em seu relatório que a prosperidade comum é um dos elementos básicos do socialismo com característica chinesa. Em outubro de 2017, no discurso de abertura do 19º Congresso, o presidente Xi coloca a questão da eliminação da pobreza como uma das prioridades máxima: “É um compromisso solene feito por nosso Partido que a população carente e as zonas empobrecidas entrem, junto com o resto do país, em uma sociedade moderadamente abastecida em todos os aspectos. Devemos mobilizar as forças de todo o Partido, de todo o país e de toda a sociedade para persistir no alívio e erradicação da pobreza com precisão.”

Na prática, desde que Xi assumiu o comando do país em novembro de 2012, resolver a questão da pobreza para que se alcançar uma prosperidade comum passou a ser uma das suas principais prioridades, ou quiçá até mesmo a sua prioridade máxima. Por isso mesmo, ele passou a se empenhar pessoalmente nesse combate, não apenas no plano prático, mas também teórico. Assim, em 2013, em uma visita à província de Hunan, província natal de Mao Zedong, o presidente Xi trouxe à luz o conceito de "combate a pobreza com precisão". O conceito surgiu como resposta a um desafio real, quando ele observava que por mais que o país se desenvolvesse e ficasse rico, caso não houvesse um esforço específico e direcionado para resolver a questão, os bolsões de pobreza tenderiam a continuar. Ele também observava que as abordagens tradicionais de ajudas e subsídios, isoladamente, se mostravam insuficientes. Ou seja, para realmente enfrentar o problema de forma exitosa era necessário inovar também a forma de compreendê-lo e abordá-lo. Além do mais, na visão de Xi, sem a solução desse problema a meta para se construir até 2021 uma sociedade moderadamente próspera, parte fundamental do grande sonho do país de revitalização da nação, não seria satisfatoriamente atingida.

O conceito proposto por Xi Jinping é bastante inovador porque condensa em si uma orientação geral de como se proceder efetivamente para a construção de soluções eficientes e duradouras. O conceito enfatiza também que é preciso uma compreensão acurada e profunda do fenômeno da pobreza dentro e cada realidade específica e determina que é fundamental um acompanhamento preciso sobre os beneficiários, o uso dos recursos, a elaboração de projetos, a aplicação das medidas direcionadas às famílias carentes, os quadros dirigentes responsáveis e os resultados. Dito de outra forma, temos no referido conceito um mapa detalhado de como se deve proceder para que o êxito na eliminação da pobreza seja alcançado e, assim, as famílias possam aproveitar a ajuda e as oportunidades geradas pelo governo para, com as suas próprias forças, criarem um dinamismo de vida cada vez mais próspero.

Apenas para ilustrar a complexidade desse tema, façamos um pequeno parênteses. De acordo com uma matéria publicada pela BBC Brasil no dia 2 de agosto de 2020: “Mais de meio século depois que o presidente Lyndon B. Johnson declarou "guerra incondicional à pobreza", os EUA ainda não descobriram como vencê-la” (...) “Isso significa que quase 40 milhões de americanos vivem abaixo da linha oficial de pobreza”. (Gerardo Lissardy, correspondente da BBC em Nova York). Tomando por exemplo os EUA, o país como o maior índice de pobreza no mundo desenvolvido, a reportagem revela principalmente que não basta ser um país ser rico, desenvolver programas assistenciais ou até mesmo ter boas intensões para que esse problema seja realmente superado. Isso reforça mais ainda o valor da conquista chinesa.

Em setembro de 2007 eu deixei o Brasil e vim morar na China, em Xi’an. E nesses quase trezes anos tenho testemunhado diretamente grande parte dessas mudanças. Particularmente, já consegui visitar praticamente todas as regiões administrativas da China, tanto grandes centros urbanos como pequenas aldeias rurais remotas. Lembro-me que naqueles meus primeiros anos a infraestrutura ainda era o foco de desenvolvimento do país. Porém, especialmente nas áreas rurais mais remotas, as pessoas pareciam viver muito distante dos benefícios desse desenvolvimento.

Em julho do ano passado, depois de mais de seis anos, voltei a visitar novamente aquela região onde passei os meus primeiros anos. E a mudança era realmente surpreendente. Pessoas antes praticamente isoladas estavam agora interconectadas por avançadas redes de transporte, serviços e comunicação. O desenvolvimento agrícola era visível e atividades econômicas antes quase inexistentes, como o turismo rural e um comércio local conectado ao restante do país, agora já são bastante comum. Certamente, essas mudanças são em parte resultado das diversas medidas adotadas por essa política de comandada por Xi Jinping de combate a pobreza com precisão. Isso transforma positivamente a dinâmica de diversas comunidades e proporciona aos seus moradores um complemento de renda inimaginável no passado recente.

Há cinco anos vivendo na província de Zhejiang, é comum visitar com a minha esposa regiões rurais para colhermos frutas, sentirmos melhor a natureza e apreciarmos sabores locais originais. Também é muito comum comprarmos pela internet, de diferentes regiões do país, diversos outros produtos alimentícios vindos diretamente do pequeno produtor rural. Aqui compartilho uma história pessoal: depois de muito tempo na China, descobrir que na montanhosa região autônoma de Guangxi eu poderia encontrar um dos produtos preferidos no meu café da manhã no Brasil, a mandioca. Esse é um produto muito comum na base da alimentação de grande parte da população brasileira, principalmente no norte e no nordeste, a região onde nasci. Essa descoberta reativou as minhas memórias afetivas e certamente tornou bem melhor a minha vida. Também me fez perceber que o povo chinês, não importa onde viva, está cada vez mais interconectado e, consequentemente, se passa a se beneficiar cada vez mais das vantagens trazidas pelo desenvolvimento do seu país. Assim, apesar das muitas adversidades, é visível nos mais diferentes rincões o aumento da prosperidade, assim como a melhoria do padrão de vida das pessoas, das crianças aos mais velhos.

Na verdade, desde a antiguidade, a civilização chinesa tem dado grandes contribuições para o conjunto da humanidade. Além do seu pioneirismo na criação do papel, pólvora, impressão e bússola, as famosas quatro grandes invenções, produtos como o chá, seda e porcelana conseguiram a proeza de atravessar os séculos fascinando o imaginário dos mais diferentes povos. A Grande Muralha, o Grande Canal da China e o Sistema de Irrigação de Dujiangyan, todos reconhecidos pela UNESCO como Patrimônios Mundiais, são alguns bons exemplos da capacidade do povo chinês de realizar grandes proezas de engenharia para se proteger de ameaças e alavancar o seu desenvolvimento interno. Essas realizações, assim como um profundo legado filosófico de pensadores como Confúcio, Mêncio, Laozi, Zhuangzi, Mozi, Sunzi, Han Feizi e tantos outros que continuam a influenciar o mundo moderno, são uma prova incontestável da força civilizacional da China e da capacidade de realização do seu povo. E no tempo presente não tem sido diferente, como se pode observar com essa grande conquista no combate a pobreza.

Apesar das adversidades atuais devido a pandemia do Covid-19, as duras enchentes no sul do país e algumas adversidades no cenário político externo, a China tem tudo para se manter confiante. 70 anos depois da fundação da República Popular da China, o povo chinês sob a liderança do Partido Comunista e do presidente Xi Jinping está finalmente vencendo sua grande batalha contra a pobreza, um dos anseios mais antigos da nação chinesa. Grandes feitos humanos como esse só tem sido possível porque um dos principais propósitos do Partido tem sido sempre servir e melhorar a vida do povo.

José Medeiros da Silva, doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, é professor na Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang. 

(Web editor: Renato Lu, editor)

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