Embora as feiras de automóveis em Detroit e Genebra tenham sido canceladas devido à pandemia de Covid-19, o Salão do Automóvel de Beijing 2020 - que exibe os modelos mais recentes e oferece uma visão sobre o renascimento da indústria automobilística da China - criou burburinho no maior salão do mundo do mercado automóvel.
Entre os mais de 300 novos modelos de carros revelados na feira, 40 por cento são veículos de novas energias (NEVs), usando as tecnologias de eletricidade ou hidrogênio.
Uma corrente de fabricantes estrangeiras encontrou uma oportunidade no crescente mercado de veículos de novas energias na China, a segunda maior economia do mundo, que está liderando a recuperação global em meio à pandemia.
"O Salão Automóvel de Beijing 2020 oferece um símbolo de esperança... e um sólido lembrete da resiliência deste grande país", disse Oliver Zipse, presidente do conselho de administração da BMW AG, no evento.
Os esforços da montadora alemã enquadram-se nos objetivos da China, que está promovendo as energias renováveis e o uso eficiente de recursos, observou Zipse. Por exemplo, a produção na fábrica da joint venture da BMW em Shenyang, província de Liaoning, no nordeste da China, tem sido alimentada exclusivamente por energias renováveis desde o final de 2019.
Tendo já investido mais de 64 bilhões de yuans (US $ 9,39 bilhões) em várias instalações de alta tecnologia em Shenyang, a joint-venture da gigante automobilística alemã BMW Brilliance aumentará o investimento em cerca de 24 bilhões de yuans nos próximos anos, de acordo com Jochen Goller, presidente e CEO do grupo BMW na China.
Em outro evento centrado nos veículos a novas energias - Congresso Mundial de Veículos de Novas Energias - realizado na província de Hainan, no Sul da China, na segunda-feira - Feng Sihan, CEO do Grupo Volkswagen (China), saudou a corajosa promessa da China de ser neutro em carbono até 2060 e disse que a VW espera se tornar um parceiro no impulsionamento do processo de eletrificação do país.
As fábricas da empresa em Anting, no leste da China, em Shanghai e em Foshan, no sul da China em Guangdong, estarão em plena operação para a produção de veículos elétricos na plataforma MEB (Modular Electrification Toolkit) no próximo mês, com uma capacidade de produção anual de 600.000 unidades, de acordo com Feng.
Em 2025, 35 por cento dos carros fabricados na China serão veículos elétricos e, com base nesta estimativa, o Grupo Volkswagen (China) planeja entregar 1,5 milhão de NEVs ao mercado chinês a cada ano, de acordo com um comunicado enviado pela fabricante ao Global Times na segunda-feira.
Os investimentos também geram empregos. A Tesla, fabricante de veículos elétricos dos EUA, está fazendo uma onda de contratações na China para operações de pesquisa e desenvolvimento, bem como talentos em software e hardware. A empresa tem construído o Model 3 na China, sendo que a construção do modelo Y no país começará no primeiro trimestre de 2021, segundo o vice-presidente da Tesla na China, Tao Lin.
Intervenientes estrangeiros estão cada vez mais dispostos a trabalhar com as empresas chinesas de automóveis e tecnologia, uma vez que o país se está concentrando em energias renováveis e espera reviver sua economia por meio do crescimento verde na era pós-pandemia, segundo os analistas.
Por exemplo, a Volkswagen planeja equipar automóveis feitos na China com baterias da Contemporary Amperex Technology Co Ltd a partir deste ano. A Audi pesquisará, em conjunto com a Huawei Technologies, serviços autônomos de direção e digitalização para automóveis.
As montadoras domésticas estão também intensificando seus esforços. Por exemplo, a Polestar, uma joint venture da Volvo e da chinesa Zhejiang Geely, anunciou planos para a produção em massa de VEs no próximo ano em Chengdu, na província de Sichuan no sudoeste da China.
"A indústria de veículos a novas energias da China fez a transição da quantidade para a qualidade. Muitos pequenos fabricantes destes veículos desapareceram, permanecendo os competitivos e promissores", disse Feng Shiming, um analista automotivo independente, ao Global Times na segunda-feira.
Feng acrescentou que a mais recente meta de carbono neutro da China significa que o país colocará mais ênfase na redução de emissões, e alertou as montadoras para não buscarem o sucesso rápido, porque a qualidade deverá triunfar entre os consumidores.
As vendas de automóveis na China cresceram 11,6% em agosto face ao ano transato, sendo o quinto aumento mensal consecutivo após o surto do coronavírus.