Portugal reitera autonomia de decisão face a pressão diplomática americana contra a China

Fonte: Diário do Povo Online    28.09.2020 10h19

Perante a insistência do embaixador americano em Lisboa para “fazer uma escolha entre os aliados ou a China”, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, respondeu que as decisões cabem ao governo português.

De acordo com o Jornal Económico no dia 26 de setembro, George Glass, o embaixador americano em Portugal, declarou durante uma entrevista com o jornal Expresso que Portugal tem de ser um “aliado” dos Estados Unidos e um “parceiro económico”. Glass ameaçou também que a escolha da China em questões como o 5G “pode ter impacto na defesa nacional”.

O “Portuguese-American Journal” refere que uma das questões-chave de Glass durante a entrevista com o Expresso foi o 5G. Ele alega que os EUA esperam que Portugal não use nenhum equipamento 5G chinês, caso contrário, poderá pôr em risco o acordo de defesa entre os EUA e Portugal, bem como as atividades da NATO e a troca de informações confidenciais.

Glass referiu também o caso do projeto de expansão do porto português de Sines. De acordo com a AFP, Glass disse esperar “sinceramente que o projeto não seja cedido à China”. Ele “relembrou” que o primeiro lote de gás natural enviado dos EUA para a União Europeia em 2016 passou por porto de Sines, tornando o porto um centro de segurança para o gás natural e energia na Europa.

O porto de Sines está localizado 150km a sul de Lisboa. É um dos portos importantes da Europa e o mais importante porto Atlântico na Península Ibérica. Em outubro de 2019, o governo português anunciou que iria investir 547 milhões de euros para expandir o porto, e concordou em expandir o franchise à PSA International de 2029 até 2049.

A imprensa portuguesa refere também que o governo local está preparando um concurso público para um novo terminal de contentores no porto de Sines, um investimento avaliado em mais de 600 milhões de euros.

Face aos comentários do embaixador americano, Augusto Santos Silva enfatizou: “O Governo português regista as declarações […]. Mas o ponto fundamental é este: em Portugal, quem toma as decisões são as autoridades portuguesas, que tomam as decisões que interessam a Portugal, no quadro da Constituição e da lei portuguesa e das competências que a lei atribui às diferentes às diferentes autoridades relevantes”.

No que concerne à questão da “segurança nacional” do 5G e à Huawei, o ministro respondeu que Portugal tem um conjunto de critérios de avaliação.

Quando Santos Silva recebeu o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, em dezembro do ano passado, ele disse pessoalmente que Portugal dá as boas-vindas ao investimento estrangeiro e que não excluía a Huawei. Em julho deste ano, 3 operadoras portuguesas anunciaram que excluiriam a Huawei da rede 5G. As autoridades portuguesas disseram que que tal decisão não estava relacionada com questões de âmbito governamental.

Na entrevista, Silva evitou ataques diretos aos Estados Unidos e enfatizou a "relação amigável" com o país. Quando questionado se os comentários de Glass podem ou não ser considerados como uma interferência nos assuntos internos de Portugal, Silva negou e reiterou a aliança com os Estados Unidos, a OTAN e a União Europeia.

(Web editor: Fátima Fu, editor)

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