O Brasil pode superar os EUA em número de casos de Covid-19, à medida que o país continua a diminuir as restrições ao turismo e aos negócios. Esperam-se que as taxas de transmissão do novo coronavírus sejam mais altas quando o clima esfriar, alertaram especialistas chineses.

Na quinta-feira, o país latino americano registrou 2,55 milhões de casos de Covid-19 e 90.134 mortes, ficando atrás apenas dos EUA, que relataram 4.450.492 casos confirmados com 151.269 mortes, segundo relatou a Universidade Johns Hopkins.

Apesar da deterioração da situação epidêmica, o Brasil anunciou que suspenderá uma proibição de viagem de quatro meses na quarta-feira, permitindo que viajantes estrangeiros entrem no país por meio de voos internacionais, como parte dos esforços para impulsionar a indústria do turismo.

"O presidente Jair Bolsonaro está lutando para manter equilíbrio entre reviver a economia devastada pelo bloqueio e controlar a epidemia, o que afetou seu índice de aprovação. Mas a retomada do turismo e dos negócios irá definitivamente piorar a situação atual", disse Xu Shicheng, pesquisador da Instituto de Estudos Latino-Americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

Xu acredita que o fracasso do país em lidar com a epidemia se deve ao governo Bolsonaro, que contratou um general da ativa para o cargo de ministro da Saúde depois que seus dois antecessores renunciaram dentro de um período de um mês.

Bolsonaro classificou o vírus de "apenas uma gripezinha". Ele testou positivo para o novo coronavírus por três vezes em duas semanas, revelou sua equipe médica em 22 de julho. Durante o bloqueio da epidemia, Bolsonaro participou de comícios e apertou as mãos em público sem tomar nenhuma medida de prevenção, noticiaram os meios de comunicação estrangeiros.

Yang Zhanqiu, vice-diretor do departamento de biologia de patógenos da Universidade de Wuhan, alertou que o Brasil poderá em breve ultrapassar os EUA no número de casos confirmados da Covid-19, quando entrar no inverno.

"A epidemia pode continuar se deteriorando nos próximos um ou dois meses, já que o vírus pode sobreviver por mais tempo em temperaturas mais baixas e as pessoas tendem a ficar menos ventiladas em espaços confinados, dando chances de ocorrer a propagação do vírus", observou Yang.

Yang também especulou que o vírus no Brasil pode ser uma cepa mais virulenta que pode estar contribuindo para o aumento de novos casos.