No dia 6 de junho, estudantes do Instituto de Tecnologia de Harbin e da Universidade de Engenharia de Harbin viram negado o seu acesso ao MATLAB, um software numérico de computação desenvolvido pela empresa americana MathWorks. Os especialistas qualificaram a decisão da empresa como o mais recente “dano colateral” resultante das sanções americanas contra a China.
A MATLAB, que permite manipulações matriciais, implementação de algoritmos, criação de interfaces de usuário e interfaces com programas escritos em outras linguagens, é um dos softwares de codificação mais usados pelos cientistas. Em um e-mail para os alunos afetados, a MathWorks escreveu que estão "proibidos de fornecer suporte técnico e apoio ao cliente" às duas instituições "devido às recentes regulamentações do governo dos EUA".
As duas universidades chinesas foram adicionadas à “Lista de Entidades” do Departamento de Comércio dos EUA em maio, sob justificação de que as universidades poderiam representar um risco, devido à possibilidade de implementação militar decorrente do seu acesso. Citando esta política como a razão, a MathWorks suspendeu seus serviços com as duas universidades e desativou as contas dos estudantes.
“O MATLAB é apenas um software para uso científico. Não vejo motivo para que estudantes como nós sejamos barrados de o usar. Parece que não podemos mais usar este software para publicar artigos científicos ou partilhar dados com outros cientistas em todo o mundo e isso é uma intromissão à cooperação científica”, afirmou um estudante do Instituto de Tecnologia de Harbin em declarações ao Diário do Povo Online sob condição de anonimato.
Qin An, diretor do Instituto de Estratégia do Ciberespaço da China, com sede em Pequim, disse ao Diário do Povo Online que as universidades pagaram pelos serviços do MATLAB e que proibir que estudantes comuns usem um software de codificação comum apenas revela a crescente atitude hegemônica e hostilidade infundada dos EUA contra a China.
"Esta decisão não só afeta estudantes chineses inocentes que usam o software para atividades acadêmicas, mas também danifica a própria empresa americana, já que é a própria empresa, e não as universidades chinesas, a mais beneficiar disto", disse Qin.
Em 2020, o MATLAB conta com mais de 4 milhões de utilizadores em todo o mundo. Os utilizadores do MATLAB são diversos, sendo a maior parte engenheiros, cientistas e empresas comerciais. A maioria das universidades da China usa o software.
“O governo dos EUA arrancou oficialmente a última folha de figueira da Estátua da Liberdade. Um país que se orgulha da liberdade e que é o fundador da Internet agora é o valentão da Internet com a mente mais fechada e arbitrária. O ciberespaço agora se tornou um novo campo de batalha para os EUA promoverem a sua hegemonia”, disse Qin.
Segundo Qin, as tecnologias avançadas dos EUA permitiram ao país obter benefícios financeiros e políticos através de uma Internet gratuita. Ao proibir os estudantes chineses de usar um software de codificação comum, o governo dos EUA pode alimentar com êxito o sentimento populista do país, mas receberá um duro golpe no longo p
“Desde o incidente de Snowden, países de todo o mundo perceberam a importância de proteger sua soberania cibernética. A crescente hegemonia da Internet nos EUA forçará a redução da dependência do país e certamente encorajará nações como a China a desenvolver suas próprias tecnologias”, disse Qin.