Opinião: quer os EUA decidam sair ou permanecer, a OMS continuará a existir

Fonte: Diário do Povo Online    20.05.2020 10h19

Por Su Qin, Diário do Povo

No dia 18 de maio, o presidente norte-americano Donald Trump publicou uma carta nas redes sociais endereçada ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, requisitando a implementação de reformas substanciais dentro de 30 dias, sob ameaça dos EUA cortarem o financiamento e, possivelmente, abandonarem a OMS.

Esta não é a primeira vez que Trump ameaça a OMS. É, portanto, previsível que, não conseguindo alcançar os seus objetivos desta vez, ele irá continuar a ameaçar a organização.

Porém, mesmo que os EUA abandonem o organismo, as pessoas não ficarão surpresas. Desde que Trump assumiu a presidência que o número de rescisões de tratados e abandono de organizações internacionais não tem sido fortuito.

As tempestades passam e o mar perdura. Na mesma lógica, quer os EUA se retirem ou não, a OMS perdurará. A justiça prevalecerá.

Na 73º Assembleia Mundial da Saúde, realizada no dia 18, líderes da China, Suíça, França, Alemanha e outros países proferiram discursos de apoio à OMS e em prol do reforço da coordenação e cooperação da comunidade internacional, em favor da luta contra a epidemia. A realidade é que, durante o esforço de prevenção e controle da epidemia a OMS não só promoveu a cooperação internacional na luta contra epidemias, mas também usou o seu conhecimento profissional e capacidades organizacionais para auxiliar a comunidade internacional a salvar vidas. Não importa o quão poderosos sejam os EUA, um país não pode representar o mundo inteiro.

Qualquer líder que tenha um mínimo de sensibilidade e consciência saberá que este não é o momento para ameaçar com cortes de financiamento, mas antes de aumentar os esforços de cooperação com a OMS. Isto aplica-se em especial aos EUA, onde existe 1,5 milhão de casos do novo coronavírus e mais de 90,000 mortes. Nesta altura, haverá algo mais importante que a cooperação para combater epidemias e salvar vidas? Aos olhos de alguns políticos americanos, é lógico que se trata da defesa de interesses políticos privados.

Tal como disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China no dia 19, “o pagamento atempado e integral do financiamento por parte dos EUA, enquanto membro da OMS, é um dever e não está aberto a negociações. Ao cortarem arbitrariamente o fornecimento, os EUA recorrem ao unilateralismo, violando suas próprias obrigações internacionais”. Se os EUA forem realmente responsáveis pelas vidas e saúde dos seus nacionais, devem então apoiar a OMS sem hesitação, aumentar o apoio político e financeiro à OMS e mobilizar os recursos globais para vencer a epidemia.

A realidade, todavia, é que aquilo que os políticos americanos chamam de “corte de financiamento” se trata de um passo dissimulado em mero proveito próprio. O problema reside no fato de que a OMS não é uma organização americana, muito menos o “quintal” dos políticos americanos.

Os fatos comprovaram que a coerção de organizações internacionais não produz os resultados esperados e, no final, serão os cidadãos americanos a “pagar a conta”. Face à atual pandemia, quem comprometer a unidade será inimigo da comunidade internacional - quem atacar a OMS é um inimigo dos interesses comuns da humanidade. 

(Web editor: Renato Lu, editor)

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