Hans Kluge, o diretor regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) na Europa, afirmou na quinta-feira que um “quadro profundamente preocupante” estava emergindo da pandemia do coronavírus, dado que quase metade das mortes na Europa ocorreram em instituições de cuidados prolongados.

Durante uma coletiva de imprensa semanal online sobre a Covid-19, a partir de Copenhaga, Kluge confirmou que mais de 1,2 milhões de pessoas haviam sido infetadas pela Covid-19 na Europa, quase 50% do total global, e que 110,000 desses infetados morreram nos últimos 100 dias.

Kluge revelou também que metade das mortes europeias relacionadas com a Covid-19 ocorreram entre residentes de cuidados prolongados, como lares de idosos. É uma “tragédia humanitária inimaginável”, afirmou.

Kluge reforçou que a pandemia havia “colocado o foco nos recantos ignorados e subvalorizados da nossa sociedade”.

“A forma como tais instituições opera, como os residentes são tratados - está possibilitando novas rotas para o vírus se propagar”, afirmou.

“Temos de atuar”, disse Kluge, argumentando que “temos um caso de investimento inequívoco para implementar sistemas de cuidados integrados, centrados nas pessoas, de longo prazo para cada país”.

Para este fim, ele declarou que os auxiliares de saúde - “os heróis ignorados desta pandemia” - devem ser empoderados, garantindo que têm equipamentos de proteção individual, remuneração apropriada, treinamento adequado e “níveis satisfatórios de recursos e staff”.

“Temos de unir médicos, enfermeiros, farmacêuticos, e outros profissionais de saúde e, acima de tudo, os próprios residentes destas instituições na tomada de decisões”, asseverou Kluge.

De acordo com Kluge, estas medidas não só ajudarão a conter a dispersão do vírus mas permitirão também que voltem a abrir portas às famílias e visitantes com maior brevidade.

“A complacência poderia ser o nosso maior inimigo... Quaisquer passos para aliviar o distanciamento social têm de ser cuidadosamente considerados e gradualmente implementados”, finaliozu.