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Chefe da ONU defende OMS após acusações de Trump

Fonte: Diário do Povo Online    10.04.2020 10h58

O secretário-geral da ONU, António Guterres, fala durante uma atualização sobre a situação da Covid-19 (anteriormente chamada de novo coronavírus) na sede da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Genebra, Suíça, em 24 de fevereiro de 2020. [Foto / agências]

O chefe das Nações Unidas pediu apoio à Organização Mundial da Saúde um dia depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, culpar a agência da ONU por ter errado em “todos os aspectos" da pandemia de coronavírus e ameaçar reter recursos.

"É minha convicção que a Organização Mundial da Saúde deve ser apoiada, pois é absolutamente crítico para os esforços mundiais para vencer a guerra contra a Covid-19", afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em um comunicado nesta quarta-feira (8).

No comunicado, Guterres disse que o "vírus sem precedentes" exige uma resposta sem precedentes, e é possível que os mesmos fatos sejam interpretados de maneira diferente por entidades distintas.

"Depois que finalmente virarmos a página sobre essa epidemia, deve haver um tempo para olhar completamente para trás para entender como essa doença surgiu e espalhou sua devastação tão rapidamente por todo o mundo, e como todos os envolvidos reagiram à crise", afirmou Guterres.

"Mas agora não é o momento. Agora é a hora da unidade, para a comunidade internacional trabalhar em conjunto em solidariedade para impedir esse vírus e suas conseqüências devastadoras", enfatizou ele.

Os comentários do chefe da ONU seguiram as últimas críticas de Trump à agência internacional em uma entrevista coletiva no dia anterior de um dia antes.

"A OMS...recebe grandes quantias de dinheiro dos Estados Unidos", disse Trump. "E eles realmente criticaram e discordaram da minha proibição de viagem no momento em que fiz isso. E eles estavam errados. Eles estavam errados sobre muitas coisas".

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus e o secretário-geral da ONU, António Guterres, chegam para atualização sobre a situação da Covid-19 na sede da OMS em Genebra, Suíça, em 24 de fevereiro de 2020. [Foto / agências]

Trump sugeriu inicialmente que os EUA pudessem encerrar o financiamento e depois disse: "Vamos analisar o fim do financiamento".

O presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, também expressou seu apoio à OMS.

"Surpreso ao saber de uma campanha do governo dos EUA contra a liderança global da @WHO (OMS). A @_AfricanUnion (UA) apóia totalmente a @WHO e o @DrTedros", publicou Mahamat na quarta-feira em seu Twitter. "O foco deve permanecer na luta coletiva #Covid19 como uma comunidade global unida. Chegará o momento da prestação de contas".

Também nesta quarta-feira, em sua videoconferência com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o presidente francês Emmanuel Macron reafirmou sua crença de “que a OMS é a chave para responder" à crise do coronavírus.

Enquanto estava em Genebra na quarta-feira, Tedros pediu solidariedade global e unidade nacional para combater a pandemia de coronavírus quando foi convidado a comentar as críticas de Trump.

"Pelo amor de Deus, perdemos mais de 60.000 cidadãos do mundo, mesmo uma pessoa é preciosa. O que estamos fazendo?" Tedros disse.

Ele alertou que os países terão "cadáveres" se houver brechas nos níveis nacional e global que permitam que o novo coronavírus se espalhe ainda mais.

"Por favor, não politize esse vírus. Ele explora as diferenças que você tem em nível nacional", solicitou ele. "Se você não quer mais corpos, então irá frear a politização.

"Por favor, coloque em quarentena a politização da Covid. Se queremos ganhar, não devemos perder tempo apontando dedos", afirmou ele.

"E agora, os Estados Unidos e a China devem se unir e combater esse inimigo perigoso", disse ele, acrescentando que o resto do G20 e o resto do mundo devem se unir para combatê-lo.

Nos últimos meses, o chefe da OMS disse pela primeira vez que, foi alvo de comentários raciais e até ameaças de morte.

"Para mim, pessoalmente, não me importo. Prefiro me concentrar realmente em salvar vidas", afirmou ele. "Por que eu me importaria com ataques pessoais quando as pessoas estão morrendo?"

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