Rio de Janeiro, 8 abr (Xinhua) -- O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, defendeu o uso da cloroquina em pacientes infectados com o novo coronavírus que se encontrarem em fase inicial.
Em pronunciamento à nação na noite desta quarta-feira, transmitido por rádio e televisão, Bolsonaro citou resultados positivos de pacientes infectados com a Covid-19 que foram tratados com cloroquina, apesar de não existirem estudos médicos conclusivos sobre a eficácia do medicamento para o vírus.
"Após escutar médicos, pesquisadores e chefes de Estado de outros países, passei a divulgar nos últimos 40 dias a possibilidade de tratar a doença desde sua fase inicial" com cloroquina, afirmou o presidente em seu quinto discurso ao país desde a chegada da epidemia ao Brasil.
Segundo ele, o uso da cloroquina "poderá entrar para a história por ter salvado milhares de vidas no Brasil".
Em outro momento do pronunciamento, Bolsonaro voltou a criticar as medidas de isolamento social decretadas pelos governos regionais para evitar a propagação do vírus e disse ter "certeza de que a grande maioria" da população quer voltar ao trabalho.
"Respeito a autonomia de governadores e prefeitos. Muitas medidas, de forma restritiva ou não, são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. O governo federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração. Espero que brevemente saiamos juntos e mais fortes para que possamos melhor desenvolver nosso país", acrescentou.
"Sempre afirmei que tínhamos dois problemas a resolver, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados simultaneamente", ressaltou.
Bolsonaro, que pela primeira vez se solidarizou com as famílias dos 800 mortos registrados até agora no país devido à Covid-19, explicou que, como presidente, seu dever é "olhar o todo, e não apenas as partes" e justificou que seu "principal objetivo sempre foi salvar vidas", embora tenha destacado "as particularidades que o Brasil tem" e que "a solução não é a mesma para todos".
"Como afirmou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, cada país tem suas particularidades, ou seja, a solução não é a mesma para todos. Os mais humildes não podem deixar de se locomover para buscar o seu pão de cada dia", enfatizou, reiterando como em outras ocasiões que "as consequências do tratamento não podem ser mais danosas que a própria doença".
Em discursos anteriores, Bolsonaro defendeu o isolamento parcial da população, mantendo em casa apenas os grupos de maior risco, a fim de que os trabalhadores pudessem ir para seus empregos, embora especialistas e o próprio Ministério da Saúde brasileiro considerem a estratégia como ineficaz.
O Brasil é o país da América Latina mais afetado pelo coronavírus. Segundo o último balanço divulgado pelo governo, pelo menos 800 pessoas morreram e 15.927 foram infectadas.