O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom, respondeu no dia 8 às acusações do presidente dos EUA contra a OMS, dizendo que, perante uma situação difícil, usar uma epidemia para fazer ataques políticos é o mesmo que brincar com o fogo: “Por favor, isolem a epidemia da política”.

Adhanom proferiu tais comentários durante uma coletiva de imprensa realizada na sede da OMS, em Genebra, no mesmo dia. No dia anterior, Trump denunciou publicamente a resposta da OMS ao novo coronavírus, em que alegadamente teria existido o favorecimento de alguns países, e ameaçou que os EUA poderiam suspender o seu contributo àquele organismo.

Tedros Adhanon enfatizou que o novo coronavírus é perigoso e mortífero. É tão contagioso como a gripe, mas é mais agressivo. Existem ainda fatos desconhecidos, sendo que o foco deve manter-se na luta contra a epidemia.

O líder da OMS disse por várias vezes que a epidemia havia causado dezenas de milhares de mortes, resultando em milhões de casos confirmados. Quando “o país e a comunidade internacional apresentam fendas, o vírus triunfa”, causando mais mortes.

Para este fim, ele fez duas sugestões. Uma é a unidade entre nações, a qual deve transcender as diferenças entre partes, crenças religiosas e ideologias. Caso contrário, o vírus irá tirar proveito destas diferenças e sobrepor-se à humanidade.

Ele advertiu que a unidade é muito importante para derrotar o vírus. Sem essa unidade, por muito bom que seja o sistema de saúde de um país, não é possível superar o vírus, por isso “não usem a epidemia para levar a cabo ataques políticos. Isto não é uma questão política, é brincar com o fogo”.

“Por favor não politizem a epidemia. Se querem ser usados pelo vírus, se querem ver mais sacos de transporte de cadáveres, então façam-no. Se não querem isso, devem manter o vírus longe da política, de isolar o surto da política”, asseverou.

O segunda foi a solidariedade global. Tedros Adhanon disse que no presente, o G20 deve unir-se e cooperar para liderar a comunidade internacional na luta contra a epidemia de modo franco, ao invés de desperdiçar tempo com acusações. “A unidade é a única forma de derrotar o vírus. Se não houver unidade, então preparem-se para o pior”.

Em declarações à imprensa, Adhanon apelou também à imprensa de alguns países para prestarem atenção ao seu papel, de modo a não “deitar achas para a fogueira” na questão da politização da epidemia, mas antes para mobilizar a comunidade internacional na luta contra o inimigo comum.