Continuem os esforços para combater vírus, defende chefe da OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou na segunda-feira (9) que a ameaça do novo coronavírus, ou Covid-19, a doença causada pelo vírus, evoluindo para uma pandemia, tornou-se muito real, com muitos países agora reportando casos, mas afirmou que o mundo não deve abandonar seus esforços para conter o vírus.

No fim de semana, o número de casos de Covid-19 ultrapassou a marca de 100.000 em 100 países.

O diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse em uma coletiva de imprensa na segunda-feira que a velocidade e a extensão da propagação são certamente motivos de preocupação.

"Agora o coronavírus está presente em muitos países, a ameaça de uma pandemia se tornou muito real", disse ele. "Mas deve ser a primeira pandemia da história que pode ser controlada."

Tedros enfatizou que a grande vantagem nesse cenário é que as decisões tomadas por governos, empresas, comunidades, famílias e indivíduos podem influenciar a trajetória da epidemia. Como evidência, ele citou o fato de que, dos 80.000 casos relatados na China, mais de 70% se recuperaram e foram liberados.

Até o momento, 93% de todos os casos relatados globalmente estão concentrados em quatro países; China, Coreia do Sul, Itália e Irã. "Nunca é tarde para voltar a maré", disse Tedros.

"Os fatos de que China e Cingapura estão fazendo a virada me dão muita esperança", acrescentou Michael Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS.

Maria Van Kerkhove, líder técnica do programa, retornou recentemente de uma viagem de duas semanas à China. "Podemos ver a luz no fim do túnel, absolutamente", disse ela. "Mas a rapidez com que chegamos lá dependerá do que os países fizerem."

Tedros afirmou que os países que continuam a encontrar e testar os casos de Covid-19 e a rastrear seus contatos não estão apenas protegendo seu próprio povo, mas também podem influenciar o que acontece em outros países e no mundo.

"A regra do jogo é: nunca desista", enalteceu ele, acrescentando que o sucesso só pode ser alcançado com ações agressivas o mais cedo possível. "Medidas tímidas deixarão a porta entreaberta para o coronavírus".

O chefe da OMS afirmou que estão encorajados ao ver a Itália tomando medidas agressivas para conter a epidemia. "Esperamos que essas medidas sejam eficazes nos próximos dias", disse ele.

A Itália é o país mais atingido pelo Covid-19 na União Europeia. No fim de semana, o governo italiano anunciou um bloqueio em grande parte do norte do país, que foi o mais afetado pelo vírus, numa tentativa de conter sua propagação.

Os 27 membros da UE lutam para enfrentar o desafio, considerando as fronteiras abertas entre muitas nações. Na segunda-feira, o Conselho Europeu anunciou várias novas medidas preventivas, incluindo a redução do número de reuniões e do tamanho das delegações nas reuniões, bem como a suspensão de todos os grupos de visitantes e treinamento não essencial.

O presidente do Conselho, Charles Michel, publicou no twitter na segunda-feira que realizará uma teleconferência com os membros para coordenar os esforços da UE no Covid-19.

O governo francês já concordou em proibir eventos públicos com 1.000 pessoas ou mais como parte de seus esforços para impedir a propagação do vírus.

O ministro da saúde da Alemanha, Jens Spahn, também pediu a proibição de eventos com mais de 1.000 participantes, mas o poder de implementar essas restrições cabe às autoridades locais.